Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 219

Quando finalmente me libertei das complicações amorosas e pensei que tinha uma visão completa da situação, acreditando que poderia usar minha segunda chance para derrotar Mirella definitivamente.

Foi nesse momento que percebi quão ingênua era minha ideia!

Mesmo agora, com as estratégias que consegui elaborar, tudo não passava de uma compreensão superficial. A verdade estava escondida nas profundezas, como um monstro abissal, esperando no fundo do mar e observando a todos com olhos frios e distantes.

Ela nunca teve como único alvo eu, ou melhor, não era apenas eu.

Eliminar-me era apenas um bônus em seu plano. Havia uma teia intricada e invisível envolvendo cada passo dela.

Ao perceber isso, um arrepio percorreu todo o meu corpo.

Que pessoa terrível. Que plano meticuloso.

Se não fosse pela minha segunda chance, eu teria morrido sem entender nada, pensando que ela tinha contratado um assassino simplesmente por impulso emocional.

"Está com fome?" - Nilton pareceu ler minha mente, alcançando e segurando minha mão.

O calor da palma dele lentamente dissipou o frio dos meus dedos: "Que tal comermos algo agora?"

"Estou bem." - Minha atenção estava toda voltada para o patriarca, querendo saber qual seria sua decisão. No entanto, no calor do momento, não soltei a mão de Nilton.

Ele me lançou um olhar profundo e não tentou retirar sua mão, permitindo que eu a segurasse firmemente.

Todos aguardavam em silêncio a resposta de Dario.

O que aconteceria com o bebê de Mirella? Nasceria ou não?

Se decidisse interromper a gravidez, como sugerido pelo médico, haveria implicações graves: possíveis problemas de fertilidade para Nelson e impacto nas futuras gerações da família Lopes.

As doenças de Nelson - tanto a falha renal quanto o câncer - não eram curáveis em seus estágios crônicos, apenas gerenciáveis.

Isso afetaria diretamente a linhagem da família Lopes.

E funcionou. Assim que entrou na sala, com a aparência abatida e o rosto marcado, a família Barbosa esqueceu de todas as ações passadas de Mirella.

Parecia que tudo o que ela fazia poderia ser perdoado!

Eliana foi a primeira a se aproximar, segurando-a com preocupação: "Mirella, o que aconteceu com seu rosto?"

Os olhos de Mirella encontraram os meus por um breve momento, mas sua atitude não mudou.

Ela começou a jogar sua cartada usual: "Não foi culpa da Tia Janaína, foi tudo..."

Ela tentou usar seu velho truque novamente, mas eu já tinha sofrido nas mãos dela muitas vezes e sabia o que ela faria a seguir.

Antes que ela terminasse, interrompi: "Sra. Barbosa, a culpa foi minha. Quando soube que Mirella não havia comido durante o dia, quis levar-lhe um caldo para fortalecê-la. No entanto, não percebi que ela estava emocionalmente abalada. Ela acabou derramando o caldo quente em mim."

Gabriela também se apressou em adicionar: "Sim, a senhora tentou gentilmente levar caldo para ela, que acabou jogando o caldo fervente sobre a senhora! Por pouco não causou queimaduras sérias. Foi realmente trágico!"