Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 220

A Mirella e Eliana não esperavam que eu fizesse tal jogada. Eliana abriu a boca, pronta para me repreender, mas Gabriela, com sua habitual impetuosidade, conseguiu contê-la por alguns segundos, o suficiente para fazê-la engolir as palavras.

O que era para ser uma defesa se transformou em reprimenda: "O que estava acontecendo com você? Janaína te serviu caldo, e você jogou em cima dela! Mirella, peço desculpas sinceramente. Nossa família finalmente reencontrou nossa filha e a mimamos tanto que estragamos o temperamento dela. Por favor, nos perdoe."

Mirella, claramente desconcertada, não esperava que Gabriela e eu trabalhássemos juntas, desarmando sua estratégia.

Se não fosse por este momento crítico, por que eu levaria Gabriela, tão direta e de temperamento forte, para testemunhar?

Embora eu não entendesse completamente as intenções de Mirella, estava familiarizado com seus truques.

Mirella, frustrada por não alcançar o resultado esperado, foi forçada a engolir sua raiva e me pediu desculpas de forma insincera: "Tia Janaína, o que aconteceu ontem à noite foi minha culpa. Peço que você seja magnânima e não leve para o lado pessoal."

"Mirella, dizer isso é como se distanciar. Afinal, somos uma família. Mesmo que tivesse realmente me queimado, eu não a culparia, pois sei que foi um acidente."

Enquanto falava, fiz questão de mostrar o dorso da minha mão.

Quem diria? Eu também sabia usar essa tática!

Na noite anterior, não pude contrariá-lo na frente de Nilton. Lavei o unguento com água, e até esfreguei a mão para que a ferida parecesse pior.

Agora, o dorso da minha mão estava visivelmente vermelho e inchado, com marcas evidentes de queimadura.

Dario, ao ver isso, franziu a testa com severidade. Seus olhos lançaram um olhar furioso para Mirella: "Você realmente não muda!"

Se não fosse pela presença da família Barbosa, eu achava que Dario teria se lançado sobre ela.

Nos últimos anos, a saúde de Dario havia se deteriorado, e ele passava muito tempo em um sanatório descansando.

"Papai, não fique zangado. Não foi nada, só doeu na hora, mas agora já..."

Dario pegou minha mão, examinando cuidadosamente as marcas. Apenas o leve toque na ferida me fez franzir a testa: "Ai..."

Ele olhou para mim com um semblante cheio de compaixão e seriedade: "Você e aquela garota são tão parecidas, Janaína. Agora que é a Sra. Lopes, a matriarca da família, precisa demonstrar sua autoridade. Não pode ser excessivamente gentil ou submissa, senão quem vai acabar sofrendo será você, entendeu?"

Ouvindo isso, senti uma calidez no coração: "Sim, entendi. Não fique zangado. Sente-se e descanse."

Eu ajudei Dario a se sentar. Seu olhar penetrante percorreu a sala antes de anunciar:

"Chamei vocês aqui hoje porque temos um assunto importante para discutir. Sobre essas duas desgraças."

Ele então voltou seu olhar severo para Nelson: "O problema foi causado por você. Diga, como quer resolver isso?"