Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 289

As pessoas na plateia que me conheciam estavam inquietas, mal conseguindo permanecer em seus lugares. Pâmela sempre acreditou que Renata era superior a mim em todos os sentidos, e sua filha mal havia conseguido passar no teste. Como eu poderia ter superado sua menina?

Ela havia acabado de se gabar na frente do Otávio, e não esperava que o 'bumerangue' voltasse tão rápido, atingindo em cheio aqueles que sempre duvidaram de mim.

O que menos acreditava em mim era o Otávio. Ele parecia estar me conhecendo pela primeira vez, com um olhar de incredulidade nos olhos, como se não conseguisse acreditar no que estava acontecendo.

"Como pode ser ela?"

Nilton respondeu friamente: "Por que não? Sr. Rocha, o senhor realmente conhece a própria filha?"

Essas palavras soaram como um tapa estrondoso na face de Otávio.

Pâmela não podia tolerar que eu fosse melhor que sua filha.

Ela rapidamente contra-argumentou: "Impossível, eu sei muito bem o nível de desenho da Janaína. Ela definitivamente trapaceou! Isso mesmo, ela deve ter contratado alguém para desenhar por ela."

Ela se voltou para Otávio: "Querido, logo haverá uma competição ao vivo, e ela não poderá esconder o papel de impostora. Se algo estranho for percebido, a família Rocha ficará completamente envergonhada. É melhor pedir para ela desistir agora, antes que a vergonha seja ainda maior."

Otávio estava numa encruzilhada. Ele não lembrava de jamais ter visto Janaína pintar. Se ela estivesse realmente revoltada com a situação e tivesse contratado um "artista fantasma", logo que subisse ao palco, isso seria escancarado para todos.

Com todo o escândalo envolvendo a M, ela já era uma figura controversa, e ainda por cima sua empresa, o Grupo Rocha, poderia ser afetada financeiramente.

Se ela fosse desmascarada no palco, a queda das ações seria imediata e o estrago muito maior.

"Você tem razão." - disse Otávio, franzindo a testa.

"Sr. Rocha, eu estou realmente curioso para saber como o Grupo Rocha opera. Não só não tem prejuízo, como ainda lucra… Será que isso é um milagre, ou um sinal de que a sorte realmente está do seu lado? Você, presidente de um grande grupo como o seu, sendo completamente manipulado por uma mulher? Não acha isso um pouco ridículo?"

Pâmela olhou descontente para Nilton: "Sr. Lopes, você é o marido da Janaína. É claro que vai defendê-la. Já pensou se ela for exposta e envergonhar nossas duas famílias?"

"Você tem alguma prova de que ela contratou alguém para desenhar?" - Nilton rebateu.

"Eu a vi crescer desde pequena, como não saberia? Ela definitivamente contratou alguém..."

"Isso é mentira!" - Minha mãe, sempre tão gentil, dessa vez perdeu a compostura: "A sua filha é que está atrás de falsificação, sua família inteira vive disso!"

Otávio claramente não esperava que minha mãe se manifestasse, especialmente nesta situação, embora a atenção de todos estivesse voltada para o palco. Ele sentiu-se um tanto constrangido.

Mas ao ver minha mãe tão furiosa a ponto de ficar com o rosto vermelho, a imagem de uma mãe leoa protegendo seus filhotes era até que adorável, trazendo mais vida do que seu habitual semblante calmo.

Ele tossiu levemente: "Chega, vamos parar de discutir. Já que chegamos a este ponto, se ela é uma impostora ou não, logo descobriremos."

Pâmela, puxando seu braço com urgência, murmurou: "Querido, logo será tarde demais. Uma vez exposta, não só a família Rocha sofrerá, como minha filha também terá problemas para se casar no futuro. As pessoas no nosso círculo com certeza vão zombar dela pela irmã ser uma impostora. Você tem que impedi-la agora."

Minha mãe segurou o outro braço de Otávio: "Se você se atrever, vai ser o fim, Otávio! Eu vou me divorciar de você!"

A palavra "divórciar" caiu como uma bomba, fazendo o rosto de Otávio mudar completamente.

Ele imediatamente afastou a mão de Pâmela e envolveu minha mãe em seus braços, tentando acalmá-la.

"Que absurdo! É apenas uma pintura. Não vamos dar motivo para risadas."

No instante em que ela apertou minha mão, senti sua palma gelada e suada.

Naquele momento, o que ela viu nos meus olhos não era Janaína, mas sim Marlene!

Era como se uma pessoa que já estava morta tivesse retornado à vida para cumprimentá-la, fazendo com que ela tremesse incontrolavelmente.

"O que houve, Sra. Barbosa? Parece que está com medo de mim. Fez algo de errado?" - sussurrei baixinho em seu ouvido.

Não havia microfones em nós, então as pessoas abaixo do palco não podiam ouvir nossa conversa.

Só podiam ver que eu tinha tomado a iniciativa de cumprimentar Mirella.

Ao sentir o calor da minha mão, ela finalmente se deu conta de que eu era uma pessoa viva, não a falecida Marlene.

Ela gradualmente recuperou sua voz: "Sra. Rocha, eu realmente não esperava que você fosse tão discreta."

"Há muitas coisas que você ainda não viu."

Sorri brilhantemente para ela e então disse suavemente: "Sra. Barbosa, admiro sinceramente sua coragem de pegar o que é dos outros e ainda assim se apresentar diante de todos como se nada tivesse acontecido."

Mirella, assustada, teve a expressão facial completamente alterada e, instintivamente, recuou.

Eu a segurei pela cintura, com um sorriso nos lábios: "Sra. Barbosa, pegar o que é dos outros exige restituição. Se eu fosse você, desistiria voluntariamente da competição."