Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 415

Meu medo era incontornável, então só me restava ampliá-lo.

Cobri os olhos com uma mão: "Isso me assustou demais! Logo que cheguei avistei ele segurando uma faca de cozinha ensanguentada."

A senhora lhe deu um chute: "Você ainda não pediu desculpas à Sra. Lopes!"

"Desculpe, Sra. Lopes." - Sua voz era áspera, desagradável, como se sua garganta tivesse sido queimada.

"Vá embora, leve essa faca e a galinha morta embora. Isso é realmente assustador."

Ele pegou a galinha e saiu enquanto a senhora continuava resmungando, e eu já estava tremendo de medo.

Temia que ele atacasse a senhora com a faca ao virar-se.

Esses cães que não latem são os mais perigosos.

Nos dramas de televisão, os vilões sempre falam demais antes de tentar ferir o protagonista, perdendo a oportunidade.

Na verdade, aqueles que realmente são cruéis não desperdiçam palavras.

Ele até abafou os passos enquanto me seguia, perfurando meu corpo com a faca sem aviso.

Do começo ao fim, foi rápido e limpo, sem me dar qualquer chance de sobrevivência.

A senhora, vendo minha palidez, sabia que uma dama como eu, acostumada a ter tudo sob controle, nunca havia presenciado algo tão sangrento, e que era natural estar assustada.

"A Sra. Lopes se assustou, não é? Não se preocupe, são apenas algumas galinhas."

Toquei meu peito, ainda tentando me acalmar: "É a primeira vez que vejo algo assim. Realmente foi um pouco assustador. Me perdi e acabei vindo para a cozinha por engano."

"Sra. Lopes, vou levá-la de volta."

"Obrigada."

Lancei um último olhar para a figura que desaparecia na tempestade, deixando trilhas de sangue pelo caminho.

O que ele carregava não parecia uma galinha, mas sim eu mesma.

"Quem era aquele homem? Ele parecia assustador." - Perguntei, de propósito.

"Leonardo. Ele fala pouco, mas é extremamente eficiente no trabalho. As tarefas mais sujas e pesadas da cozinha ficam por conta dele, especialmente abater galinhas. Enquanto os outros evitam essa função, ele a realiza com rapidez e habilidade."

Meu coração ainda batia acelerado. Se ele conseguia matar até uma pessoa, qual era a necessidade de usar uma grande faca para uma galinha?

"Leonardo? Qual é o sobrenome dele?"

A mulher pegou a faca de cozinha das mãos de Leonardo e a limpou casualmente com um pano.

Seu olhar era carregado de sombras.

"Nada demais. Ela parece apenas uma jovem delicada, mas fez uma pergunta a mais: quis saber seu nome."

Ao ouvir aquelas palavras, um calafrio percorreu minha espinha.

Então, aquela senhora e o Leonardo estavam juntos!

Eles estavam me testando!

Felizmente, não insisti nas perguntas sobre Leonardo. Caso contrário, teria revelado mais do que devia.

Isso significava que ele não estava sozinho - tinha aliados dentro da família Martins.

O pior de tudo era que já começaram a desconfiar de mim...

Este lugar não era nada seguro. Precisava sair daqui imediatamente.

"Quem está aí?"