Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 416

Nesse momento, senti como se todo o meu sangue tivesse subido à cabeça, provocando um arrepio por todo o meu corpo.

Eu havia sido tão cuidadosa, como pude ser descoberta?

Minha mente trabalhava a mil por hora, buscando uma forma de escapar. Na casa da família Martins, eles certamente não me fariam mal, mas era muito provável que tivessem descoberto minha verdadeira identidade.

O que eu deveria fazer?

Enquanto eu estava apavorada, uma figura surgiu lentamente.

Para minha surpresa, era Nelson!

Com um rosto impassível, ele perguntou: "Sou eu, o que vocês estão fazendo aqui?"

Seu porte era imponente, sem mostrar qualquer sinal de fraqueza. Ao contrário, ele começou a questionar as duas pessoas.

Para os outros, ele era um grande senhor, acostumado a ser tratado com deferência. Quando questionado por seus servos, sua reação era compreensível. Aproveitei a oportunidade e me afastei.

Meus passos eram rápidos. O vento batia em meu rosto cortando, enquanto eu não ousava parar por um momento sequer.

Que situação terrível!

Que tipo de organização estava por trás de Mirella? Além dessa senhora e de Leonardo, quantas outras pessoas ela teria sob seu comando, e quantos mais na família Martins escondiam?

O que eles realmente queriam?

"O que aconteceu?" - A voz de Nilton chegou até mim, fazendo-me voltar à realidade.

Ivan estava empurrando Nilton não muito longe. Talvez vendo meu rosto cheio de medo e ansiedade, ele olhou para mim com uma expressão preocupada.

"Nada demais. Está frio do lado de fora, eu só queria entrar logo."

Ele sabia que eu estava mentindo, mas não insistiu.

Meu comportamento e hábitos passados eram tão diferentes dos de Janaína. Mesmo que ela não pudesse imaginar algo tão bizarro quanto a reencarnação, ela certamente perceberia que algo estava errado e me consideraria uma inimiga.

"Sra. Lopes, a senhora parece um pouco pálida. Aconteceu alguma coisa?" - ela perguntou.

Assim como Leonardo estava me testando, Mirella também estava.

Eu expliquei: "Quando cheguei, acabei indo pelo caminho errado e avistei alguém matando uma galinha. Ver o sangue escorrendo pelo chão me assustou demais."

As outras mulheres - anciãs - também se manifestaram: "Nossa, não fale de coisas tão sangrentas."

Teve quem dissesse: "Foi apenas uma galinha sendo morta, qual o problema? Precisava ficar assim tão assustada?"

Minha mãe que estava ao lado de Otávio, se aproximou de mim, cheia de carinho. Me abraçou, dizendo: "Minha filha já foi machucada antes, por isso fica assustada ao ver sangue. Janaína, venha! Sente-se aqui."

Sentei-me ao lado da minha mãe, expondo propositalmente as cicatrizes de cortes antigos: "Mamãe, quando vi aquele sangue, lembrei do dia em que quase morri. Me arrependo tanto, não deveria ter sido tão tola no passado."