Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 586

Recusei com um sorriso: "Parece que sua exposição ainda não está pronta, certo? Não precisa ter pressa. Quando abrir oficialmente, com certeza estarei presente para apoiá-lo."

"Tudo bem. Eu realmente queria que você me desse algumas dicas."

"O que poderia saber sobre esculturas, César? Você está me superestimando."

Mas César comentou: "Eu vi suas transmissões ao vivo de competições. Suas pinturas são realmente lindas. A arte está interligada, acredito que você certamente pode me dar mais inspiração."

Ele era realmente direto. Se não fosse genuinamente ingênuo, seria excessivamente arrogante.

"É claro que podemos falar sobre isso com mais calma quando tivermos a chance, mas hoje tenho que ir para casa. César, quando será a abertura de sua exposição?"

"Ainda tenho uma peça principal para terminar, mas..."

Ele olhou para mim e depois sorriu: "Agora que a inspiração veio até mim, poderei terminá-lo em breve."

Era, sem dúvida, um sorriso radiante, mas para mim, tinha algo de assustador. Não demorei a encontrar uma desculpa para entrar no carro e ir embora.

Quando voltei para o carro, o aquecedor me envolveu por todos os lados, e demorou um pouco para que eu finalmente me aquecesse.

Mirella desapareceu perto daquele local naquela noite, e sua exposição coincidentemente aconteceria no mesmo lugar. Será que a Mirella estava escondida com a família Monteiro?

Minha avó havia me dito para ter cuidado com a família Ferreira. O Nilton tem me ajudado a procurar informações sobre a família Ferreira, mas até agora nada havia sido encontrado.

Se...

"No que você está pensando?" - A voz de Nilton soou e ele acenou com a mão na minha frente.

Só então percebi que o carro havia parado em frente ao prédio da empresa dele.

"Nilton!"

Agarrei sua mão com emoção: "E se houver a possibilidade de que, naquela época, minha avó estivesse me alertando sobre a família Monteiro, mas, devido à forma arrastada com que ela falava, eu acabei entendendo errado, pensando que ela disse a família Ferreira? Talvez tenha sido por isso: começamos com a questão errada e nunca encontramos a resposta certa."

"Além disso, hoje fui diretamente à família Barbosa para perguntar sobre a família Monteiro. Mal mencionei o nome deles, e meu pai já evitou o assunto. Ficou claro que a família Barbosa tem sérios problemas com a família Monteiro."

Nilton me deu um tapinha nas costas: "Não se preocupe. Se sua suspeita estiver correta, então as palavras de Leonardo também fazem sentido."

Lembrei-me cuidadosamente das últimas palavras de Leonardo.

"Ele disse que sua irmã ainda está viva, presa por uma pessoa. Antonio poderia ser essa pessoa."

"Então Cátia... ela é minha irmã." - Eu disse, quase tremendo.

Eu me joguei no Nilton. Quando tudo começou a se conectar, todas as suposições se tornaram plausíveis.

"Não é surpresa que eu tenha sentido uma sensação de familiaridade quando a vi pela primeira vez, afinal, ela é minha irmã. O que aqueles demônios fizeram com ela, mantendo-a em cativeiro como se fosse um pássaro preso?"

Segurei o colarinho do Nilton com força, as lágrimas escorrendo livremente.

"Então minha irmã também sofreu todos esses anos! Nilton, é tão doloroso! Por que eles têm o direito de fazer isso com a gente?"

"Talvez não sejam apenas as esculturas, mas também aquela figura de cera. Muitos artistas, em sua busca pela perfeição, se distinguem dos demais."

César parecia muito normal, por isso não dava para perceber nenhum indício.

Pensando em como ele se aproximou de mim várias vezes, sem me olhar com amor…

Ele até disse que havia assistido ao vivo à competição entre mim e a Mirella.

Em outras palavras, mesmo antes de nos conhecermos, ele já estava me observando.

De repente, ele se sentiu inspirado novamente.

Poderia ser...

Sou sua inspiração?

"O que aconteceu de novo?" - Nilton tocou meu rosto, fazendo-me pular da cadeira de susto.

Nilton passou os braços em volta da minha cintura, acalmando-me gentilmente: "Marlene, não tenha medo, sou eu."

Esculturas, figuras de cera, livros de pele humana...

Só de pensar em tudo isso já era assustador. Se isso acontecesse novamente, eu certamente enlouqueceria.

Engoli: "Nilton, o alvo do César... sou eu."