Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 786

"Tudo por você."

"Nilton, por que você é tão bom assim?"

"Porque já perdemos oportunidades demais, Marlene. Tive o auge do poder e da glória, e possuí inúmeras riquezas, mas nada disso vale mais para mim do que um simples olhar seu."

Ao pôr do sol, entrelaçamos nossos dedos: "Então, fiquemos juntos para sempre, sem nunca nos separar."

*

À noite, o corpo da vovó foi levado para cremação, e Antonio fez questão de me avisar.

Veja, infiltrar-se no território inimigo tem suas vantagens, até mesmo conseguir um lugar na primeira fila para chorar no enterro.

Diante das chamas dançantes, ajoelhei-me no chão, acompanhando a vovó em sua última jornada.

Antonio, preocupado com a reação de Cátia, confidenciou apenas a mim.

Nilton estava atrás de mim, e como alguém de fora, ele não conseguia compartilhar plenamente da minha dor.

Eu sabia que as ações da vovó não foram honrosas, e o fato de ela não ter sofrido antes de morrer já era um alívio.

Mas não consegui conter as lágrimas que caíam no gramado.

"Vovó, sua neta só pode te acompanhar até aqui, me desculpe, prometi que você veria meu casamento, mas não tivemos essa oportunidade."

Uma borboleta negra pousou no botão da minha blusa no escuro.

Prendi a respiração, observando aquela borboleta: "Vovó, é você?"

Nilton pousou a mão em meu ombro e sussurrou suavemente: "Vovó, cuidarei bem da Marlene, pode ficar tranquila."

Assim que ele disse isso, a borboleta bateu as asas e desapareceu na escuridão.

Foi como naquela noite em que Breno morreu.

Mais uma vez, testemunhei a partida de um ente querido.

Vovó cometeu tantos erros. Se realmente existe um inferno, talvez ela não tenha outra chance, e nosso vínculo tenha se rompido naquele instante.

Comecei a questionar qual é o sentido de viver. É apenas testemunhar a partida de um por um?

Ela nunca confiou nele.

Antonio respondeu com um sorriso: "Você tem um chip. Não importa onde esteja, sempre poderei te encontrar. Cátia, você é minha, não pode escapar."

O rosto de Cátia mudou drasticamente: "Pervertido!"

Ela começou a andar rapidamente para longe.

A voz de Antonio veio, carregada de um pedido humilde: "Cátia, posso te dar um abraço?"

Cátia não olhou para trás, apenas acelerou o passo, e Antonio riu suavemente: "Tão impiedosa."

Ele rapidamente foi até ela, puxando-a para um abraço apertado e escondendo o rosto em seu pescoço, para que ninguém visse sua expressão.

Só se ouviu sua voz rouca: "Cátia, aproveite bem a sua vida. Desculpe por ter te atrasado todos esses anos. Você deve me odiar, não é? Agora, estou te libertando."

"Esqueça a família Monteiro, esqueça de mim, esqueça todas as infelicidades."

"Minha menina, viva bem."