Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 875

"Henrique, você levou Marlene, e com isso Nilton já deve estar completamente louco. Ele está decidido a nos destruir, e muitos dos nossos esconderijos já foram descobertos por ele. Agora, apenas este lugar ainda é seguro para nós. Essa mulher não pode ficar, pois se ela atrair aquele louco do Nilton, tudo estará perdido!"

Nilton, ele está me procurando.

Ao ouvir esse nome, meu coração automaticamente se aperta.

Mesmo que minha mente tenha apagado suas lembranças, meu corpo ainda guarda o instinto de amá-lo.

Minhas memórias pararam aos dezessete anos, e minha imagem de Nilton ainda está naquela época em que estávamos no Refúgio dos Tucanos da família Lopes, onde ele me ensinava a tocar piano.

Aquele jovem magro e silencioso de branco, ele já deve estar completamente descontrolado.

Lágrimas escorriam pelas minhas bochechas, caindo no tapete aos meus pés, enquanto eu cobria meus lábios para não emitir nenhum som.

Eu só queria ouvir algo sobre Nilton da boca deles, mesmo que fosse apenas uma pequena informação.

Pelas informações que encontrei em um bilhete, já faz mais de um mês que me afastei dele, e eu nem consigo imaginar como ele tem passado esse tempo.

Mesmo sabendo que estou viva, ele certamente não deve ter paz.

Nilton...

Henrique permaneceu impassível com as palavras dos outros, respondendo friamente: "Não foi isso que vocês trouxeram para si mesmos? Vocês destruíram tantas vidas, separaram tantas famílias, e serem pegos é apenas o que merecem."

"Crack!"

Sua mãe quebrou a tigela de frutas na mesa, espalhando as frutas pelo tapete.

"Você é tão frio quanto qualquer um da velha família Cardoso. Se soubesse que você seria assim, nunca teria passado nove meses te carregando, deveria ter te sufocado ao nascer!"

"Quantas crianças você já não sufocou?"

Mesmo sem ver a expressão de Henrique, eu podia imaginar que ele estava com um sorriso sarcástico.

"Ele brincou com tantas mulheres que foram capturadas, e os filhos nos ventres delas foram todos mortos por você, não é?"

"Seu ingrato!"

A mulher levantou a mão para bater em Henrique, mas ele segurou seu braço, dizendo: "Nós somos apenas mãe e filho biologicamente. Se eu pudesse escolher, não teria nascido em uma família de demônios como a sua!"

"Dou a vocês uma noite para descansar. Se não saírem até amanhã, chamarei a polícia e darei suas coordenadas."

A mulher estava tão irritada que seu peito subia e descia rapidamente. "Ingrato! Você acha que a polícia vai te poupar?"

"Eu nunca participei de suas transações, saí de casa aos treze anos, minhas mãos estão limpas. Por que a polícia me prenderia? Quanto a vocês, merecem o que vier."

Henrique elevou o tom: "Se vocês ousarem machucar Marlene, farei com que toda a sua família pague por isso! Já temos um Nilton enlouquecido, e se querem me enlouquecer também, podem tentar."

Dizendo isso, ele se virou para sair. Corri de volta para o quarto, mas ele foi tão rápido que, antes que eu pudesse voltar para a cama, ele já estava na porta.

Pensar em sua atitude fria com seus pais me deixou tensa.

Henrique estava na porta, e o quarto estava escuro, exceto pela luz suave do abajur no corredor, que delineava sua figura.

Ele se aproximou lentamente, com uma voz suave: "Você ouviu tudo?"

Fiquei tão assustada que não consegui me mover, meu corpo inteiro endurecido como uma pedra.

"Marlene, você só precisa lembrar o quanto eu te amo, e isso é suficiente."

"Esqueça o Nilton, esqueça todas as tristezas do passado, eu vou considerar seu filho como meu e cuidarei bem de vocês três."

"No futuro, quando sua saúde melhorar, nós podemos ter nossos próprios filhos, está bem?"

Dizendo isso, seus lábios desceram lentamente da minha testa até a ponta do meu nariz, e quando estavam prestes a tocar meus lábios, eu me joguei na cama, evitando seu beijo.

Eu não ousava irritá-lo, com medo de que ele fizesse algo mais agressivo comigo.

Fingi sentir uma dor no estômago para mudar de assunto: "O bebê está me chutando."

Ele imediatamente apoiou as mãos ao meu lado, quase me envolvendo completamente.

Não conseguia ver claramente sua expressão, apenas sentia o calor intenso de seu olhar.

"Henrique, eu sou uma grávida, você vai me forçar?" eu lembrei-o em voz baixa.

Felizmente, ele não fez mais nada, apenas me olhou fixamente, o que já era suficiente para me deixar arrepiada e imóvel.

"Marlene, eu queria esperar você se recuperar da dor causada pelo Nelson, e então te conquistar, mas eu não esperava que a situação se tornasse essa. O maior arrependimento da minha vida é ter deixado você e Nelson ficarem juntos. Naquela época, eu deveria ter feito de tudo para te levar, assim você não teria morrido e não teria conhecido Nilton."

Ele se ajoelhou lentamente em um joelho no chão, segurando minha mão com devoção e disse: "Marlene, meu amor por você não é menor do que o de Nilton. Você poderia me dar um pouco do seu amor?"