Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 876

Eu já não me lembrava da cena em que ele me tratou. Observando sua expressão atual, parecia que ele precisava de redenção mais do que eu naquela época.

Responder a essa pergunta não era difícil, mas eu temia irritá-lo. Decidi seguir suas emoções por enquanto, dizendo, "Muitas coisas eu já não lembro bem. Tanto você quanto Nilton, para mim, ele é apenas um nome que vocês mencionam; e você é apenas um psicólogo."

Eu retirei minha mão da dele e acariciei minha barriga proeminente. "Agora, sou apenas uma grávida, e meu maior desejo é dar à luz meus filhos em segurança."

Minha resposta o satisfez, pois, em sua visão, ele e Nilton estavam no mesmo ponto de partida.

"Entendo, Marlene, não vou te machucar. Só quero que me dê uma chance justa."

Ele se levantou lentamente, acendeu a lâmpada do abajur e fixou seus olhos nos meus. "Claramente, fui eu que te conheci primeiro."

Na verdade, havia uma questão que eu provavelmente não saberia responder mesmo antes de perder a memória.

Eu ajeitei minha posição para dormir, deixando que ele me cobrisse com o cobertor.

Nesses momentos, eu me sentia mais segura com ele ao meu lado.

Pelo menos, em comparação ao casal no andar de baixo, ele era mais confiável.

Ele trancou a porta, pegou um cobertor e, como antes, começou a preparar o colchão no chão com habilidade.

Para ser sincera, Henrique tinha uma aparência extraordinária, com um ar de elegância. Um homem como ele não deveria ter dificuldade em encontrar uma mulher. Por que, então, ele se daria ao trabalho de sequestrar uma mulher grávida casada?

"Depois dos testes, descobri que você não apenas tinha uma doença, mas sofria de transtorno bipolar."

"Apesar de estar imersa em um abismo sem fim, sem ver luz alguma, você não guardava rancor. Nunca culpou aqueles que te feriram. Lutava para sair da escuridão, com o corpo cheio de feridas, mas ainda assim levava um pouco de luz para as crianças do orfanato."

"Devo admitir, sua singularidade se tornou um objeto de estudo para mim. Inicialmente, eu só queria te observar."

"Eu te via, de forma imparcial, conseguir sair da lama apenas para ser empurrada de volta por aqueles que você chamava de amados e parentes. Pessoas com depressão geralmente se isolam do mundo, têm emoções instáveis, ficam irritadas e podem se autoagredir."

"Mas você era tão generosa que não queria incomodar ninguém, mesmo sofrendo intensamente. No meio do lodo, estendia a mão para mim, pedindo que eu te puxasse para fora. Naquela época, eu pensava quanto tempo levaria para você desistir completamente."