Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 979

Quando foi que ele começou a gostar dela? Ele já não sabia mais.

Mas ele sempre se lembrava da primeira vez que Mirella o chamou de Nelson, da primeira vez que correu até ele, da primeira vez que sorriu para ele, da primeira vez que o abraçou e fez manha.

Com os dedos, ele acariciou suavemente o rosto de Mirella. “Cátia, vou guardar todas as lembranças boas que tivemos.”

O olhar que ele lançou para Mirella era de uma ternura imensa. “Eu sei que, desde sempre, o que você mais quis foi liberdade. Agora eu estou te liberando. Daqui em diante, você precisa viver bem. Sem mim nos seus dias, talvez você seja mais feliz.”

Mirella continuava dormindo profundamente, sem poder lhe responder.

Antonio deixou escapar um leve sorriso nos lábios. “Não importa onde você esteja nesta vida, eu vou te proteger. Então, aproveite sua vida ao máximo. Os dias ao meu lado não te trouxeram felicidade, então é melhor esquecer tudo.”

Ele já tinha preparado o remédio do esquecimento e o entregou para Marlene.

Na escuridão da noite, Marlene encarava o homem alto à sua frente.

Por muito tempo, ela não conseguia decifrá-lo, achava-o profundo demais, assustador.

Ela o viu pegar escondido as cinzas da avó e ajudar Joaquim a sobreviver.

Tudo o que ele fez deixou Marlene sem palavras.

Do ponto de vista dela, deitada na mesa de cirurgia tendo o coração retirado, mesmo que Antonio não tivesse participado diretamente, ele sabia de todos os movimentos da família Monteiro.

Ele nunca foi inocente. Ele era o inimigo!

Mas foi justamente esse inimigo que cuidou da irmã dela com todo o cuidado durante seu crescimento.

Neste momento, Marlene não pôde deixar de questionar: afinal, como é a natureza humana?

Aqueles que você acredita serem maus, realmente têm motivos, e também um lado bondoso.

“Vocês são todos demônios!”

Antonio não se justificou, deixou que ela extravasasse.

“Antonio, eu te odeio!”

“Eu sei.”

“Se quiser me matar ou me torturar, faça como preferir.”

Vendo o olhar obstinado de Mirella, ele sorriu, resignado: “Cátia, eu não vou te machucar. Já conversei com meu pai. A partir de agora, a família Monteiro não buscará mais vingança contra a família Barbosa. Você pode ir embora.”

Mirella ficou surpresa. “O que você disse?”

“Eu disse que você está livre.”