Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 994

“Aqui realmente é um paraíso de férias? Por que eu sinto algo estranho?”

“Claro que é. Assim que nos instalarmos, quando a maré baixar à noite, vou te levar para coletar frutos do mar, tudo bem? Aqui tem muitos ouriços, caranguejos e outras coisas.”

“Sim, está bem.”

Mirella fingiu obedecer às palavras dele. O quarto dela tinha uma decoração luxuosa, claramente preparado especialmente para membros de alto escalão da organização.

Mirella olhou pela janela de vidro para fora e viu que as pessoas do navio de cruzeiro desembarcavam em grupos.

Algumas pessoas sorriam, sonhando com fortunas em suas mentes, sem saber que já haviam se tornado presas de outros.

Outras, percebendo algo errado, tentaram fugir, mas foram perseguidas por homens armados. Um deles atirou e feriu um fugitivo na frente de todos; os demais não ousaram mais escapar e foram levados para o galpão.

Grupo após grupo, como se fossem animais em um abatedouro.

E o Antonio? Onde ele estava?

Matias não estava por perto, o que deixou Mirella muito inquieta. Ela sentiu imediatamente que Matias havia ido atrás dele.

Com o tempo passando, ela não conseguiu mais se controlar e saiu do quarto às escondidas.

Ela ouviu tiros vindos da mata e seguiu naquela direção.

Sua inquietação só aumentou. De longe, viu duas pessoas em confronto à beira do penhasco.

Matias sorriu friamente: “Você já foi corrompido pela escuridão e ainda assim tenta tocar a luz. Acha que assim vai lavar seus pecados? Não seja ingênuo, Antonio. Você e eu não temos diferença alguma; depois da morte, só nos resta o inferno.”

“Mesmo assim, não quero que mais pessoas sejam prejudicadas. Matias, já avisei a polícia; vocês não vão escapar!”

“Realmente te subestimei. Então morra!” Matias levantou a arma.

O coração de Mirella foi à garganta. Antonio estava desarmado; se fosse atingido, certamente morreria.

Mirella se aproximou, mas Matias não lhe entregou a arma. Em vez disso, posicionou-se atrás dela, levantando a mão dela junto com a arma. “Este revólver tem muito recuo. Vou te mostrar como atirar.”

Ele nunca teve a intenção de entregar a arma a Mirella. Pelo contrário, queria que ela matasse Antonio na frente dele!

“O que foi? Por que seu corpo está tremendo tanto? Não era você que queria matá-lo? Deixe-me te ensinar a mirar.”

Antonio já havia desistido de lutar. Alguém como ele merecia mesmo morrer.

Ele não era digno de Mirella; só com sua morte ela poderia voltar a ter uma vida normal.

Se Matias a amava, não a mataria. Ela era inteligente demais e certamente escaparia.

Sua morte seria a libertação das correntes do corpo dela.

Por isso, ele não tentou fugir, apenas ficou ali parado olhando para ela. “Cátia, meu coração está aqui. Eu devo a sua irmã um coração. Agora, vou devolver este coração para você. Atire em mim!”