Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 103

Beatriz, a princípio, recusou-se a fazer as tarefas extras. Mas a colega insistiu, com o peito estufado de razão.

— A gente tá na mesma equipe. Você acabou de chegar e, se não se adaptar logo, vai atrasar nosso cronograma. Isso aqui é uma chance de aprendizado pra você, sabia? Como vai se integrar ao time se não se envolver? Se a gente perder o bônus por sua causa, você vai bancar?

Beatriz lançou um olhar frio para as duas. Não esperava ser atacada logo no primeiro dia. Estavam todas no mesmo nível hierárquico. Por que ela deveria aceitar ser empurrada para tarefas que não cabiam a ela?

— Eu ainda nem entrei oficialmente na colaboração. Como podem afirmar que vou atrapalhar? E, sinceramente, você não é minha líder pra me dar sermão com esse tom. — Rebateu Beatriz, calma, mas firme.

A funcionária, que até então parecia convencida de que Beatriz era alguém fácil de manipular, se surpreendeu com a resposta. Ainda assim, resmungou.

— A gente só tá se precavendo. Afinal, você é novata, a gente tem mais experiência. E convenhamos, quem acabou de entrar devia mostrar mais empenho, se esforçar pra se integrar. Já chega causando, sem colaborar... Quem vai querer trabalhar com você assim?

Beatriz cerrou os punhos. Nunca tinha trabalhado antes, mas isso não significava que fosse ingênua ao ponto de não reconhecer um jogo corporativo, aquelas manipulações disfarçadas de conselho, os testes sutis pra ver até onde podiam explorá-la.

Ela já tinha engolido muito desaforo na vida, principalmente com Gabriel. Não permitiria que qualquer um viesse pisar nela novamente.

Reafirmou sua recusa, sem dar mais atenção às colegas.

Mas, perto do fim do expediente, o diretor do departamento apareceu justamente na equipe dela.

Começou criticando em voz alta.

— Esses rascunhos estão todos ruins. Nenhum me agradou até agora. — Seus olhos pousaram em Beatriz. — Você é nova aqui, né? Beatriz, certo?

Ela assentiu com elegância, inclinando levemente a cabeça.

— Boa tarde, diretor.

— Dizem que foi o próprio Sr. Daniel quem te recrutou. Suponho, então, que seu nível seja alto. Estou com grandes expectativas sobre você. Quero que me entregue o quanto antes um esboço do personagem do jogo que sua equipe está desenvolvendo.

— Agradeço a confiança, diretor. Vou preparar o material o mais rápido possível. — Respondeu Beatriz com profissionalismo.

O diretor concordou com a cabeça e lançou um olhar de avaliação para o grupo. Por fim, seus olhos voltaram para Beatriz, e ele falou com um tom cheio de intenções.

— A liderança da equipe três ainda está indefinida. Todos aqui têm chance. Quem for mais dedicado e mostrar iniciativa, terá minha recomendação.

Dito isso, virou-se e saiu.

Teria sido o Sr. Henrique que passou?”

Antes que pudesse raciocinar melhor, o celular voltou a tocar. Segunda ligação. Dessa vez, ela nem cogitou atender. Estava prestes a colocar o aparelho no silencioso quando viu as mensagens começarem a aparecer:

[Atende o telefone! Preciso falar com você!]

[Beatriz, o que significa esse acordo de divórcio falso que você me deixou? Falsificou minha assinatura! Isso não vale de nada!]

[Eu não aceito esse divórcio. Esquece! Posso cancelar o pedido a qualquer momento!]

Beatriz encarou as ameaças sem expressão, os lábios cerrados com frieza.

Quando a terceira ligação entrou, ela enfim atendeu.

— Onde você está? Me manda a localização. Eu vou te buscar agora. — Gabriel disparou, mais agitado do que antes.

— Como você conseguiu meu número? — Perguntou Beatriz, com a voz gelada.