Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 105

De repente, Gabriel explodiu de raiva. Arremessou o celular contra o chão com toda a força e socou brutalmente a mesa de madeira. As pastas sobre a superfície estremeceram com o impacto.

Ele tinha certeza de que Beatriz estava apenas usando o divórcio como ameaça, esperando que ele corresse atrás dela.

Mas agora... Havia outro homem ao lado dela. E ela dizia, com todas as letras, que o documento era legítimo. Que ele tinha assinado.

“Ainda tá com raiva de mim, é isso?

Por isso falou com tanta frieza? Por isso colocou outro cara ali, só pra me provocar?”

O rosto de Gabriel ficou sombrio, tomado pela fúria. Rangia os dentes, os olhos faiscando de ódio. Pegou o telefone novamente, decidido: ia rastrear Beatriz. Iria até ela pessoalmente.

Mas, ao ligar para o número da polícia, a resposta o pegou de surpresa.

— O boletim foi retirado, senhor.

Gabriel congelou por um instante.

— Quem autorizou isso? Eu não cancelei nada!

— Foi sua família. Se insistir em registrar outra ocorrência, será classificado como falsa denúncia. — Respondeu o policial, com voz firme.

A ligação caiu.

Gabriel ficou paralisado por alguns segundos, até murmurar.

— Foi o vovô... Ele se mexeu rápido demais.

Nesse momento, o telefone fixo do escritório tocou. Era da família Pereira. Gabriel sequer pensou em atender, desligou direto.

Mas logo depois, Rafael entrou apressado, com o celular na mão, no modo viva-voz.

— Sr. Gabriel, é o Sr. Henrique. Ele…

Antes que conseguisse terminar a frase, a voz do velho Henrique já ecoava furiosa pela sala.

— Gabriel! Você tá maluco?! Chamando a polícia pra procurar sua ex-mulher?!

— Ela sumiu há quatro dias. Eu não consegui contato nenhum. Não é razoável procurar ajuda?! — Gabriel rebateu, os punhos cerrados.

— Sumiu coisa nenhuma! Eu já te falei: ela te deixou, divorciou, entendeu?! Ela é livre pra ir pra onde quiser! — Rosnou o velho, indignado.

— Não está divorciada. Ainda é minha esposa. E nem você, vovô, vai me impedir dessa vez. — Disse Gabriel em tom gelado.

Sem esperar mais discussão, apertou o botão e desligou.

Rafael, ao lado, já se encolhia, preparado para levar uma bronca. Mas antes que pudesse dizer algo, o celular foi arrancado de sua mão.

Daniel percebeu o gesto defensivo, mas não comentou. Em vez disso, ofereceu.

— Quer que eu te leve pra casa?

— Pode ir na frente, Daniel. Ainda vou ficar mais um pouco. Depois pego um táxi. — Respondeu Beatriz, sem levantar os olhos da tela. — Foi mal por não ter visto sua mensagem antes. Acabou tendo que vir até aqui à toa…

— Não precisa ser tão formal comigo. — Respondeu ele, com um sorriso leve.

Ao lançar um olhar para a tela do computador dela, Daniel franziu o cenho.

— Já tá fazendo hora extra no primeiro dia? E a sua equipe nem tem líder ainda, né?

— Não foi ninguém que mandou... — Começou Beatriz, mas ele a interrompeu antes que concluísse.

— Foi o Murilo, não foi? O diretor de design. Aposto que ouviu algum boato e ficou incomodado. Se não puder te mover de equipe, vai tentar te sufocar por dentro, com pressão. — Disse Daniel, cerrando os lábios, visivelmente irritado.

— Não, não é isso... Você entendeu errado. Ninguém fez nada. É só que eu quis me adaptar logo ao trabalho. — Explicou Beatriz, apressada, tentando tranquilizá-lo.

Daniel pareceu não estar totalmente convencido, mas ouviu suas explicações por mais um ou dois minutos. Então, disse com firmeza.

— Então vem embora comigo. Se adaptar leva tempo. Você tá no período de experiência. Ninguém espera que você dê conta de tudo no primeiro dia.