Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 116

Ao passar pela porta do quarto principal, Gabriel desviou o olhar instintivamente para o pequeno quarto de hóspedes ao lado. Por impulso, seus passos mudaram de direção e ele entrou ali.

O ambiente estava completamente vazio. Beatriz havia limpado tudo antes de partir, com um cuidado quase cruel. Nem escova de dente, nem copo, nem um mísero fio de cabelo. Nada restava.

Ela era mesmo uma mulher detalhista, pensava em tudo. Não deixara nenhuma pista, nenhum vestígio sequer de que um dia estivera ali.

E isso só deixava mais evidente o quão decidida havia sido sua partida.

Os olhos de Gabriel arderam. A garganta apertou. Cerrou os punhos como um menino inseguro e, sem pensar, pegou seus próprios travesseiros e cobertor do quarto principal e deitou-se na cama onde Beatriz costumava dormir.

Enquanto isso, do lado de fora do condomínio, Vitória estava desolada.

Tinha sido expulsa. Seus pertences removidos pela equipe da administração. Com os olhos inchados de tanto chorar, ligou para sua assistente pedindo socorro.

A moça chegou rápido. Ao vê-la naquele estado deplorável, entendeu que algo muito ruim havia acontecido, mas não se atreveu a fazer perguntas.

— Nem uma palavra sobre isso pra ninguém, entendeu? — Rosnou Vitória, com raiva e desespero. — Porque se o Gabriel descobrir o que você fez por mim... Você vai cair junto. E não vai ter volta.

A assistente hesitou. No fundo, aquilo tudo passava dos limites. Ela era apenas uma funcionária designada pela agência para auxiliar Vitória. Nada mais. A relação delas era puramente profissional.

Mas... Ao ouvir o nome de Gabriel, um calafrio percorreu sua espinha.

Gabriel Pereira. O único herdeiro da família Pereira na Cidade A. Um nome que significava poder absoluto. Dinheiro, influência, controle.

E o que Vitória havia feito... Ela a ajudara a contratar paparazzi, alimentar fofocas nas redes, dominar os trending topics até conseguir se instalar na casa dele.

Se Gabriel decidisse se vingar... Esmagar uma formiga seria mais difícil do que acabar com a carreira dela.

No banco traseiro do carro, enquanto a assistente dirigia em silêncio, Vitória digitava freneticamente no celular. Ligava e mandava mensagens carregadas de ódio. Tudo para um único número.

Mas não havia resposta alguma.

— Filha da puta da Beatriz! É bom que você não apareça na minha frente! — Gritou Vitória, perdendo completamente o controle. Num acesso de fúria, atirou o celular contra a porta do carro.

Tinha certeza de que, com Beatriz fora do caminho, Gabriel voltaria para ela. Era só uma questão de tempo.

Mas, para sua surpresa, Gabriel não só percebeu que amava Beatriz... Como agora parecia completamente obcecado por ela.

Se Beatriz teve a audácia de contar tudo a Gabriel... Então não podia esperar compaixão. Vitória faria questão de acabar com tudo. Dessa vez, seria implacável.

Na manhã seguinte, Beatriz saiu cedo para trabalhar. Mal passou pelos portões do condomínio e já seguia a pé em direção à estação de metrô, quando um carro encostou devagar ao seu lado. O vidro foi baixado.

— Beatriz. — A voz de Daniel a chamou.

Ela se virou, surpresa. Por um momento, até se esqueceu de que ele a havia deixado em casa na noite anterior.

Então... É claro. Seu endereço já não era mais segredo. E agora ele estava ali, logo cedo, esperando por ela do lado de fora.

— Entra aí. Vamos juntos pra empresa. — Disse ele, num tom casual.

Beatriz hesitou por dois segundos, depois entrou no carro.

Daniel ligou o motor e, enquanto dirigia, ouviu a voz tranquila dela, vinda do banco do passageiro:

— Você veio só pra me buscar, não foi?