Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 124

Gabriel estava determinado: podia esperar quanto fosse necessário.

Se a caça era esperta, ele seria mais paciente ainda. Não acreditava que, com tempo e vigilância, não fosse conseguir flagrar Beatriz.

Naquele horário, quase não havia movimento. Só por volta das sete da manhã é que as pessoas começaram a aparecer.

Do outro lado da rua, na saída do metrô...

Uma mulher de terno preto surgiu entre os passageiros. Os cabelos cortados na altura dos ombros caíam simetricamente dos dois lados do rosto. Ela colocou óculos escuros e uma máscara.

Carregava a bolsa apoiada no antebraço, o queixo erguido, a postura impecável. Seus saltos pretos ecoavam no asfalto enquanto ela andava com segurança e elegância.

Era Beatriz.

Estava quase irreconhecível, totalmente preparada. Seu passo era firme, sem o menor sinal de pânico ou hesitação, mesmo suspeitando que Gabriel havia mandado alguém vigiar a área.

Na noite anterior, ela ainda ligou para o Sr. Henrique, pedindo que controlasse o neto, que parasse de interferir na sua vida.

Ele prometeu que sim. Mas Beatriz sabia que, com Gabriel, promessas não significavam muito. Precisava seguir atenta. Com um homem tão sem escrúpulos, todo cuidado era pouco.

Ao atravessar a faixa de pedestres, misturou-se naturalmente a outros três ou quatro funcionários que também iam para o prédio. Com o canto dos olhos, observava tudo ao redor discretamente.

Seu olhar parou num homem parado ao lado da entrada principal, carregando uma mochila tiracolo.

À primeira vista, ele parecia comum. Mas quem ficava de pé do lado de fora do prédio, tão cedo, apenas observando quem entrava?

Muito suspeito.

Beatriz manteve o ritmo, sem alterar a expressão. Ela percebeu o perigo à frente, mas não notou o que estava atrás dela.

Perto da calçada, do outro lado da rua, o vidro de uma Mercedes Maybach desceu lentamente. De dentro, os olhos afiados de Gabriel fixaram-se na silhueta de preto à sua frente.

Havia algo familiar... E, ao mesmo tempo, não parecia ela.

O corte de cabelo, o porte confiante, a postura... Nada disso parecia com a Beatriz que ele conhecia.

Ele desviou o olhar e voltou a observar o movimento na entrada.

Enquanto isso, Beatriz já havia chegado perto da porta principal.

Com um rápido olhar de soslaio, percebeu que o homem usava um fone bluetooth. Manteve a compostura e passou por ele com naturalidade.

— Quem é você? O que está fazendo aqui? — Questionou o segurança, aproximando-se de um dos homens.

— Vim trabalhar, ué. Tá achando que eu estou fazendo o quê? — Respondeu ele, tentando soar confiante, mas com um leve tom de nervosismo.

— E trabalha onde, exatamente? Me mostra seu crachá. — Pediu o segurança, desconfiado.

— Eu... Deixei em casa, tá? Estou esperando minha família trazer pra mim.

— Então me dá o número do seu chefe. Eu ligo pra confirmar. — Insistiu o segurança.

Ao perceber que o homem não iria desistir e, ao mesmo tempo, escutar no fone que outros colegas também estavam sendo abordados pelos seguranças, o infiltrado recebeu nova instrução de Gabriel: ligar diretamente para ele.

O homem cortou a ligação anterior e fez uma nova chamada, entregando o celular ao segurança.

Depois de alguns minutos de conversa, a postura do segurança mudou completamente — de severo a submisso. Começou a balançar a cabeça em sinal de respeito, quase sorrindo sem graça.

E ao fim da ligação, respondeu com um sorriso forçado:

— Mil desculpas, senhor. Recebemos uma denúncia sobre suspeitos rondando o prédio. Viemos verificar só por precaução. Não foi nossa intenção incomodá-lo.