Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 139

Vendo o neto chorar novamente, o Sr. Henrique apenas balançou a cabeça.

Desde que os pais de Gabriel se divorciaram, ainda na adolescência, ele nunca mais o vira derramar uma lágrima. E agora... Tudo por causa de uma mulher.

Mas o que poderia dizer? Consolar? Não havia consolo. Gabriel estava apenas colhendo o que plantou.

Do outro lado da rua, Daniel dirigia em silêncio, levando Beatriz para casa. O carro estava mergulhado numa quietude tensa.

Ele não tocou mais no assunto Gabriel, decidiu esperar que ela mesma quisesse falar.

Não se sabia quanto tempo havia passado naquele silêncio, até que Beatriz, olhando pela janela para a escuridão da noite, finalmente murmurou:

— Esses dois anos... Eu não fui pra fora do país. Na verdade, me casei com o Gabriel. Sinto muito por ter mentido pra vocês. — A voz dela soava apagada, quase desbotada. — Agora nós estamos oficialmente divorciados. Minha ideia era apagar esse casamento da minha vida, como se tivesse afundado no fundo do mar. Mas não esperava que o Gabriel fosse se agarrar a isso como se a vida dele dependesse.

Daniel a olhou rapidamente pelo canto dos olhos. O rosto dela carregava uma expressão de cansaço profundo. Um tipo de tristeza silenciosa que doía de olhar, como uma lagoa escura, sem fundo, parada no tempo.

Lembrando-se de como ela estava quando se reencontraram na semana passada, calada, contida, com os olhos apagados, ele entendeu. Aquilo não era paz de espírito de quem viajou o mundo. Era a exaustão de quem foi sugada por um casamento que a destruía aos poucos.

— Desculpa por hoje. Por ter te colocado nessa situação... Por você ter se machucado por minha causa. Me desculpa mesmo. — Disse Beatriz, baixando os olhos.

— Não se preocupe com isso. Você não tem que pedir desculpa. Nem como amigo, nem como seu chefe, ninguém ia ficar parado vendo você sendo levada à força por aquele desgraçado. — Respondeu Daniel.

E ainda por cima ela saiu ferida...

— Foi o Gabriel que causou o machucado no seu cóccix? — Ele perguntou, franzindo a testa. — Beatriz... Ele te agredia? Você sofreu violência doméstica? Não precisa ter medo da influência da família Pereira. Violência doméstica é crime. Esse cara deveria estar atrás das grades!

Beatriz não respondeu. O silêncio dela dizia tudo.

Daniel apertou o volante com força. A raiva subiu como fogo por dentro.

— Filho da puta... Bater em mulher?! Isso é covardia! Que tipo de homem faz isso?! E ainda por cima se faz de CEO poderoso, cheio de pose e reputação! Hipócrita nojento! Esse tipo de gente merece é ser exposto na mídia. Mostrar pro mundo o monstro que ele é!

Daniel ficou em silêncio. Por alguns segundos, o ar dentro do carro pareceu pesar. Ele soltou um suspiro contido antes de voltar a falar:

— Você sofreu demais nesses dois anos...

Mas Beatriz não comentava. Apenas mencionava o período com um simples “casada por dois anos”, como se fosse um detalhe sem importância.

Será que doía tanto que ela evitava até lembrar? Ou simplesmente não queria dividir isso com ele?

— Já passou. — Repetiu ela em voz baixa, quase como se dissesse isso pra si mesma.

Vendo que ela não queria falar mais, Daniel não insistiu. Mas não conseguia deixar de pensar: por que ela se casou com Gabriel?

Eles pertenciam a mundos completamente diferentes.

Pela lógica, os dois nunca teriam cruzado caminhos. Gabriel, herdeiro de um império empresarial, deveria ter se casado com a filha de algum figurão do setor, um casamento de interesse, alinhado aos negócios da família.

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