Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 147

Gabriel achava que conseguiria se controlar.

Achava que poderia não procurar mais Beatriz.

Não queria feri-la de novo.

Mas...

Fosse por amor ou por instinto de posse, fosse por orgulho masculino ou pelo gosto amargo da derrota... Ele simplesmente não conseguia aceitar.

Ele não conseguiria entregar a mulher que amava nas mãos de outro.

Afinal, foi Beatriz quem quis se casar com ele naquela época.

Ele não a obrigou a nada.

Se ela o provocou, que agora aguentasse as consequências.

Que o odiasse, se quisesse.

Mas aquele pedido de divórcio... Ele faria questão de anular.

— O período de reflexão são trinta dias. Dê um jeito de cancelar o acordo. Esse divórcio não vai acontecer. — Disse Gabriel, com voz fria e firme.

Rafael, ao ouvir isso, lembrou-se do contrato de divórcio que vira na casa.

Respondeu com cuidado:

— Geralmente, quando há contestação num divórcio, existem dois motivos principais: divisão de bens... Ou filhos. O senhor e a Sra. Beatriz não têm filhos. E quanto aos bens... O contrato especifica claramente que ela está saindo de mãos abanando, sem querer um centavo. Ou seja, esse divórcio, tecnicamente, não tem nenhum obstáculo...

Mas Rafael não conseguiu terminar a frase.

Sentiu o olhar de morte que o Sr. Gabriel lançava sobre ele e engoliu as palavras.

— Eu pedi pra você dar um jeito, não pra me dizer que não tem como. — Disparou Gabriel, com os olhos gelados.

Rafael engoliu seco.

:Como assim “dar um jeito”?

O casamento já estava praticamente encerrado.”

— Não é que eu esteja desistindo... Mas mesmo que o senhor tente anular o acordo ou criar algum tipo de impasse durante o período de reflexão... A Sra. Beatriz não quer dinheiro. E se virar uma disputa judicial, ela ainda vai ganhar. O senhor não pode esquecer que... Foi você quem traiu primeiro. — Disse Rafael, num suspiro resignado.

— Eu não traí! — Gabriel explodiu, levantando-se de súbito.

— E a modelo, então? — Rebateu Rafael, já sem paciência. — Morava na sua casa, dormia no quarto da Sra. Beatriz, saía pra jantar com você, ganhava presentes caríssimos...

Se isso tudo não for traição, o que mais seria?

Gabriel cerrou os punhos. Seu rosto estava vermelho de raiva.

Os olhos, duros.

Mas não disse uma palavra.

Porque ele sabia.

Tentar se distrair com trabalho?

Deixar Beatriz viver sua vida e não atrapalhar sua felicidade?

Merda nenhuma!

Ele não conseguia!

Ele não queria!

Rafael ficou ali parado.

Olhava o chefe com os olhos vermelhos, quase gritando de raiva e mágoa.

E enfim entendeu.

Agora sim, tudo fazia sentido.

Os olhos inchados.

O desespero disfarçado.

O Sr. Henrique estava saudável.

Quem estava ferido... Era o Sr. Gabriel.

— Talvez seja melhor desistir, Sr. Gabriel. — Murmurou Rafael, em tom pesaroso. — O senhor mesmo disse que a Sra. Beatriz nunca te amou. Ela se casou com o senhor sem querer dinheiro, sem filhos, sem cerimônia. Nem no círculo social dela as pessoas sabiam que era sua esposa. Ela não ganhou nada com isso... Nem fama, nem status. Nem sequer um título.