Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 17

No escritório, o humor de Gabriel tinha melhorado consideravelmente. Estava até de pernas cruzadas, tomando café com calma, como se nada tivesse acontecido.

Quando o relógio marcou cinco e meia, ele se levantou, pegou o paletó e saiu. Planejava jantar com Vitória antes do desfile.

Assim que ligou o carro, o celular tocou. Ele pegou o aparelho, olhou para a tela e, ao ver o nome, soltou uma risada fria antes de desligar na hora e guardar o telefone de volta no bolso.

— De manhã me xingou e me bateu… Liguei umas cem vezes e ela não atendeu nenhuma. Agora tá precisando de mim? — Murmurou com desdém, pisando fundo no acelerador.

Ele sabia exatamente o motivo da ligação da Beatriz. Com certeza era por dinheiro. Hospital, contas, sem trabalhar há dois anos… De onde ela tiraria algum recurso? Quem mais ela poderia procurar senão ele?

Lembrou-se da raiva que já tinha engolido por causa dela... Sempre fazendo o papel do bom moço e recebendo ingratidão em troca. Na noite anterior, ela ainda teve a audácia de jogar água nele e, como uma louca, tentou bater nele com a escova do vaso sanitário. Pensando nisso, apertou ainda mais o pé no acelerador.

Dez minutos depois, já no meio do caminho para o restaurante, o sinal fechou. Gabriel aproveitou para desbloquear a tela do telefone e conferir se havia outra ligação da Beatriz.

Nada. Nenhuma.

— Quero ver para quem você vai correr quando realmente estiver precisando... — Resmungou, com um sorriso frio no canto da boca.

Pisou no acelerador de novo. Mais dez minutos se passaram e, ao chegar a um grande cruzamento, um incômodo cresceu no peito, fazendo-o suspirar. Irritado, girou o volante de repente, mudando o trajeto, e colocou a localização do hospital no GPS.

Mal havia decidido mudar o destino quando o telefone tocou novamente. Gabriel sorriu e atendeu pelo Bluetooth, sem hesitar.

— Gabi! Você já saiu do trabalho? Estou aqui no restaurante te esperando! — A voz doce e animada de Vitória soou do outro lado da linha.

Na mesma hora, o sorriso de Gabriel foi se desfazendo, e a leveza desapareceu do rosto.

— O trânsito tá complicado. Me espera um pouco.

— Tá bom! Vou te esperar! — Disse Vitória, num tom manhoso, antes de desligar.

Dentro do carro, Gabriel pegou o celular de novo, hesitando. Pensou em retornar a ligação perdida de vinte minutos atrás. Ficou indeciso por alguns segundos e, no fim, preferiu pedir ao assistente virtual do carro para enviar uma resposta automática.

Quando ouviu o som da resposta chegando quase instantaneamente, soltou um leve riso sarcástico.

— Sabia que você só estava esperando eu te dar uma chance para sair por cima... — Murmurou, satisfeito.

— Leia a resposta da Beatriz. — Ordenou ao assistente de voz.

— Claro. Aqui está a resposta da Beatriz: “Não precisa.” — Informou a voz robótica.

Gabriel sentiu o sangue ferver.

— Eu disse “não precisa” porque alguém já trouxe o que eu precisava. Não tem necessidade de você vir até aqui. — A voz de Beatriz soou fria, indiferente. — Me desculpe por ter tomado seu tempo. Eu não deveria ter te ligado.

Assim que apertou o botão para ligar, já havia se arrependido. Mas, naquele momento, não tinha mais ninguém a quem recorrer. E, no fundo, sabia que Gabriel não atenderia. Quando ele desligou sem hesitar em menos de cinco segundos, não ficou surpresa.

No fim, foi ela mesma quem se colocou naquela situação humilhante.

Gabriel ouviu aquelas palavras e, na mesma hora, sentiu o sangue subir à cabeça.

“Eu não deveria ter te ligado”?

Então… Para quem ela queria ligar? Se ele não era a primeira opção, quem era?

O tom casual com que ela disse aquilo o irritou ainda mais.

— Tá precisando de quê, afinal? E quem, hein? Quem ia te mandar? — Ele perguntou, desconfiado e com raiva.