Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 16

Por que ele estava tão irritado?

Sim… Era porque…

— Ela não podia falar comigo diretamente? — Gabriel explodiu, indignado. — Por que precisou falar através de você?!

Por que usar um assistente? Será que era tão difícil o ligar ou mandar uma mensagem?

Rafael encarava o vazio à frente, o rosto impassível, enquanto o silêncio pesado preenchia o ambiente.

Será que a forma de avisar importava tanto assim? Será que justificava toda aquela fúria do Sr. Gabriel?

Ele já não sabia o que pensar.

Se dissesse que o Sr. Gabriel não amava a Sra. Beatriz, não faria sentido vê-lo tão desesperado, correndo atrás dela. Mas, se dissesse que amava… Como explicar o fato de ter ido para a cama com outra mulher e feri-la daquela forma?

No quarto do hospital, Beatriz recusara a preocupação das outras pacientes. Só queria ficar em paz.

A mensagem que enviara a Rafael tinha sido sincera. Ela não pretendia, de forma alguma, expor o que aconteceu entre Gabriel e Vitória. Só queria poupar o Sr. Henrique daquele constrangimento.

Além do mais, faltavam apenas vinte e cinco dias para ela ir embora. Desde que não a provocassem mais, eles podiam viver seu romance à vontade. Não era mais problema dela.

Naquela tarde, Gabriel não conseguiu se concentrar em nada. Distraía-se nas reuniões, errava assinaturas nos documentos.

Rafael observava, em silêncio, mais um contrato sendo amassado e jogado na lixeira. O chefe pedia para reimprimir, e ele, como um simples assistente, só podia obedecer.

Ainda bem que não era um documento que passava de departamento em departamento… Senão, já teria virado o alvo de reclamações da empresa inteira.

No escritório, Gabriel largou a caneta com irritação, recostou-se na cadeira e ficou olhando fixamente o teto, perdido em pensamentos.

Como Beatriz havia descoberto o que aconteceu na noite anterior? As marcas de beijo no pescoço estavam bem escondidas pela gola da camisa. Como ela viu?

Ou será que voltou para casa durante a noite? E, se voltou, como podia ter tanta certeza de que era com Vitória?

O olhar dele se concentrou, a testa franziu. Pegou o celular e ligou.

Do outro lado da linha, a voz de Vitória transbordava surpresa e empolgação:

— Gabi! Que surpresa você me ligar agora! Estava com saudade...

Mas, antes que ela terminasse a frase, a voz gelada de Gabriel cortou o clima:

— Você contou para Beatriz que ontem à noite eu estava com você no hotel?

A mão de Vitória apertou o celular com força. Ela já imaginava que Beatriz e Gabriel acabariam brigando, e até havia se preparado para isso.

Mas o tom dele a pegou de surpresa. A raiva era palpável, intensa, quase assustadora.

— Eu... Eu só comentei com a Bia, para ela deixar a porta aberta pra você... — Respondeu Vitória, a voz baixa e hesitante, tentando ser cuidadosa. — Gabi, você... Você tá bravo comigo? Me desculpa... Eu não devia ter falado nada...

Do outro lado, Gabriel se distraiu por um momento, e sua raiva começou a diminuir aos poucos.

Mesmo que tivesse sido Vi quem contou… E daí? No fundo, ele nunca amou Beatriz. Quem ele amava era Vitória.

— Não estou bravo. Só queria confirmar. — Gabriel suavizou o tom.

Ao perceber que ele voltava ao tom calmo e familiar, Vitória se sentiu aliviada. Aproveitou o momento para brincar:

— Agora há pouco você estava tão bravo... Até me deu medo.

— Desculpa... É que eu... — Gabriel começou a explicar, mas as palavras ficaram presas na garganta.

O que estava acontecendo com ele? Por que tanta raiva? E por que descontar nela?

Ele já ia saindo, quando ouviu a voz fria e sombria do chefe:

— Você e a Beatriz… São muito próximos?

Um arrepio subiu pelas costas de Rafael. O instinto dele gritava que, se dissesse “sim”, era melhor já começar a arrumar a mesa.

Virou-se devagar, mantendo o rosto sério:

— Sr. Gabriel, eu e a Sra. Beatriz só temos contato profissional. Quando fui buscar documentos na sua casa, trocamos algumas palavras, mas não diria que somos próximos. No máximo… Conhecidos.

— E por que ela só atende suas ligações? — Insistiu Gabriel, o olhar sombrio e desconfiado.

Rafael congelou.

“Estava com ciúmes?! O olhar dele... Era assustador.”

Raciocinou rápido e respondeu com cautela:

— Eu sou seu assistente. Imagino que a Sra. Beatriz tenha pensado que fosse algo relacionado ao trabalho. Por isso, não dificultou.

Fez uma pausa, então completou:

— Liguei várias vezes pra ela. Só atendeu no final. Acho que, apesar de estar chateada, não queria prejudicar o senhor.

Uma resposta perfeita. Gabriel não perguntou mais nada. Sua expressão dura suavizou um pouco, e ele apenas acenou com a mão, dispensando-o.

Assim que saiu do escritório, Rafael soltou um longo suspiro e, quase tremendo, tirou o celular do bolso.

Apagou imediatamente todas as conversas com Beatriz.

Se o Sr. Gabriel visse qualquer mensagem dela dizendo que o entendia ou queria ajudá-lo… Bem, era capaz de ele não sobreviver para ver o dia seguinte.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle