Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 29

Vitória então começou a comandar a mudança.

Não conseguiu ficar na suíte principal, mas... Conseguir tirar a Beatriz do próprio quarto já era, pra ela, uma vitória e tanto.

Enquanto elas movimentavam as coisas da Beatriz, Gabriel franziu a testa. Algo dentro dele incomodava.

Entrou no quarto e viu a assistente tentando abrir um armário trancado.

Sem dizer nada, aproximou-se e, com a força de um homem impaciente, arrebentou o fecho em poucos segundos. A tranca interna ficou torta, inutilizada.

Lá dentro, quase nada: apenas um pequeno caderno azul-claro.

Gabriel pegou o caderno e, ao abrir a primeira página, entendeu na hora o que era.

— Quem é que ainda escreve diário hoje em dia... — Murmurou, com um leve sorriso de desprezo nos lábios.

Mesmo assim, não resistiu. Os dedos começaram a virar as páginas, curioso.

Antes que pudesse ler, uma mão apareceu por cima do ombro e puxou o caderno de suas mãos:

— Não é certo espiar o diário de uma garota, Gabi. — Vitória disse, com um sorriso doce, mas os olhos brilhando de malícia. — Vou guardar para Bia, tá bom?

Gabriel fechou os lábios com força, olhando para o caderno por um instante.

Por um lado, queria pegá-lo de volta. Por outro, sabia que não valia a pena.

Deu de ombros e saiu do quarto, sem insistir.

Quando Gabriel saiu do quarto, Vitória folheou o diário, curiosa.

Abriu em uma página qualquer e, ao ler o que estava escrito, seus olhos se arregalaram.

Por um triz Gabriel não tinha visto aquilo!

Ela apertou o caderno com tanta força que quase o rasgou ao meio, tomada pela raiva.

Por um momento, pensou em destruir tudo e jogar fora.

Mas respirou fundo e mudou de ideia.

Guardou o caderno debaixo do travesseiro e, nos lábios, surgiu um sorriso perverso.

" Beatriz... Você bordou tudo com tanto cuidado... Mas quem vai desfilar com essa roupa sou eu."

No hospital, no quarto...

Beatriz recebeu mais uma mensagem de Rafael, um verdadeiro relatório, contando que aquela mulher havia se instalado de vez na casa dela. Ele ainda tentava justificar, como se pudesse aliviar a situação entre ela e Gabriel.

Beatriz apertou suavemente os lábios.

Tudo aquilo... Ela já sabia. E não tinha forças, nem vontade, para mudar nada.

Digitou uma resposta curta para Rafael, pedindo que ele não se preocupasse mais e, por favor, não enviasse a ela mais notícias.

Ela entendia a boa intenção dele... Mas não adiantava.

Em pouco mais de duas semanas, ela e Gabriel estariam oficialmente divorciados.

Ainda hoje, conversara com o médico. O tempo de internação, que deveria ser de uma semana, havia sido estendido para duas. Melhor assim. Quanto menos contato com aquele ambiente, com aquelas pessoas... Melhor. Pelo menos teria um pouco de paz nos últimos dias.

Enquanto isso, em casa…

Vitória já havia terminado de comandar tudo.

As coisas de Beatriz foram empilhadas e jogadas no quartinho do depósito, um cômodo apertado, frio, sem vida.

Agora, esse quarto era só dela. Ela ocupava cada canto, como se sempre tivesse pertencido ali.

Gabriel levantou os olhos, encarando-o diretamente:

— Esse "obrigada" foi para você ou para mim?

Um arrepio subiu pela espinha de Rafael. Sentiu o suor frio nas costas e forçou o sorriso ainda mais:

— Naturalmente, para o senhor, claro. Eu expliquei que foi o senhor quem mandou.

Gabriel assentiu, satisfeito.

Depois perguntou:

— E quanto tempo ela ainda vai ficar no hospital?

— Falei com o médico. Duas semanas. — Rafael respondeu.

— Tudo isso? — Gabriel franziu a testa. — Não era algo simples? Não precisou de cirurgia...

— Não precisou, mas houve uma fratura. O médico disse que o tempo extra é importante para recuperação completa. — Explicou Rafael.

Gabriel ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo a informação.

Rafael virou-se para sair. Quando já estava na porta, ouviu a voz do patrão, calma, mas com um tom que não admitia recusa:

— Peça refeições do Restaurante Amado para serem entregues no hospital, todos os dias.

— Sim, senhor. — Respondeu Rafael prontamente.

Ao sair, não conseguiu evitar o pensamento confuso:

"No fundo, ele claramente se importa com a Beatriz... Então por que, afinal, está envolvido com outra mulher? Por que levar a amante pra dentro de casa?"