Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 40

— Beatriz, o que foi isso? Colocou sal demais de novo? — Gabriel virou-se para ela, claramente irritado.

— Ai, as outras duas também estão super salgadas... — Vitória experimentava prato por prato com uma expressão de puro desgosto.

Depois, lançou um olhar para Beatriz, mordeu o lábio inferior e disse, num tom suave:

— Um prato só até dá pra dizer que foi sem querer, mas todos ficaram salgados... Bia, eu sei que você não gosta de me ver comendo a comida que você faz, mas o Gabi também precisa comer, né? Você fazer isso…

Ela deixou a frase no ar, depois fez uma cara de quem “entende tudo” e se virou para Gabriel:

— Gabi, não fica bravo. A Bia só tá com ciúmes de mim. Estou morando aqui, e ainda por cima ela tem que cozinhar pra mim... É que ela te ama demais, só isso.

— Beatriz, quantos anos você tem? Ficar com essas atitudes infantis... — Gabriel bateu a mão na mesa, perdendo a paciência. — A Vi tá só hospedada aqui! Eu não te avisei antes? Ela só tá usando seu quarto por um tempo. Custa ter um pouco mais de maturidade?

Enquanto os dois faziam aquele teatrinho a dois, Beatriz levantou a tigela de arroz e falou, com a mesma frieza de sempre:

— Acabaram? Eu vou comer sozinha. Fiquem à vontade.

O jeito indiferente dela só deixou Gabriel mais irritado. Ele queria discutir, queria reação, qualquer coisa. Mas Beatriz permanecia distante, imperturbável.

Ela mal levantou o garfo com um pedaço de carne... Quando uma mão veio do lado e deu um tapa, jogando o talher no chão.

— Já disse que tá salgado! Vai comer mesmo assim? Tá tentando provar que não tá? — Gabriel gritou.

Beatriz olhou pro garfo no chão por um segundo, depois simplesmente se levantou e foi até a cozinha buscar outro.

— Gabi, vamos comer fora? Depois a gente traz algo para Bia. — Disse Vitória, puxando o braço dele com delicadeza.

Gabriel ainda estava sentado, emburrado. Queria vencer a discussão, queria que Beatriz reagisse.

— Não fica assim, amor... Homem também tem que ceder um pouco, né? E olha que eu nem liguei para isso tudo… — Vitória tentava convencê-lo com aquele tom doce. — A Bia acabou de receber alta. Tem que ser compreensivo. Vamos? — Ela insistiu, manhosa.

Ao ouvir a palavra “alta”, Gabriel finalmente cedeu um pouco.

Ela ainda estava chateada com ele, talvez fosse hora de deixar para lá.

Gabriel voltou pra casa e viu que a mesa já estava limpa, a cozinha lavada e organizada, como se o jantar nem tivesse acontecido.

— Bia, vem comer. — Vitória foi bater na porta do quarto.

Lá de dentro... Nenhuma resposta.

Ela bateu mais algumas vezes, com um tom suave, quase mimado:

— O Gabi já não tá mais bravo, vem? Eu pedi para ele se desculpar com você, é que ele falou meio grosso naquela hora...

Silêncio.

Nada.

Foi aí que a raiva de Gabriel reacendeu como fósforo em querosene. Virou-se pra Vitória e explodiu:

— Se ela quiser comer, come. Se não quiser, problema é dela! Que se dane! Tá fazendo drama à toa. Fez besteira e ainda quer que o mundo inteiro passe a mão na cabeça dela? Ela tem noção do ridículo?