Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 408

Ele não tinha o que dizer.

Nem desculpas, nem justificativas.

A única opção era baixar a cabeça e aceitar a culpa.

— Todos esses anos… O Gabi nunca tratou direito do estômago? — Disse Tatiane, mudando sutilmente o rumo da conversa. — Pode parecer uma coisa pequena, mas agora ele tá até internado. Isso preocupa.

Ela franziu o cenho, com o rosto tomado por uma expressão de pura preocupação.

Parecia até que Gabriel era seu filho de sangue.

Sr. Henrique, por sua vez, manteve a expressão neutra. Mas, por dentro…

Aquela mulher não era simples.

Sabia se portar.

Sabia o que dizer.

E, mais que tudo, sabia fingir.

Afinal… Quem foi uma das responsáveis pela morte da mãe de Gabriel?

Ela.

Talvez a principal.

E agora estava ali, posando de boazinha, sem nem um pingo de culpa no rosto?

— Pai, o senhor sabe em que hospital o Gabi tá? — Perguntou Tatiane, com um tom doce. — Eu queria preparar uma sopinha especial pra levar pra ele. Só pra cuidar um pouquinho dele, sabe?

Ela abaixou os olhos, fingindo humildade.

— Eu sei que ele não gosta de mim… Mas mesmo assim, queria demonstrar um pouco do meu carinho.

Sr. Henrique revirou os olhos mentalmente.

Essa é boa.

Verdade ou encenação?

Mesmo que ela quisesse de verdade ir visitá-lo… Gabriel provavelmente ficaria enfurecido só de vê-la na porta do quarto.

E, além disso, ele nem estava doente de verdade.

Ele estava detido. Preso.

Claro que isso não podia ser revelado pra André e sua família.

— É só uma indisposição. Coisa leve. Falta de alimentação adequada e excesso de trabalho. — Respondeu o velho, com um tom calmo. — Já coloquei um nutricionista pessoal pra cuidar dele. Também tá tomando a medicação certa. Com um pouco de descanso, logo estará recuperado.

Tatiane ficou em silêncio. O sorriso discreto sumiu do rosto.

Sérgio abaixou os olhos, continuando a comer em silêncio.

Então… Era só uma gastrite?

Se fosse úlcera ou câncer, ainda seria algo mais grave.

Mas sendo apenas uma gastrite, havia algo estranho nessa história.

A dúvida começou a se formar.

Gabriel não tinha nada de grave… Então por que Sr. Henrique o mandou voltar do nada?

“Descansar um tempo”?

Sr. Henrique não deu sinais de que queria que ficassem mais.

O mordomo, então, conduziu os três até a saída da mansão Pereira.

Entre cumprimentos formais e despedidas educadas, os visitantes finalmente entraram no carro.

O mordomo ficou parado na porta, observando o veículo se afastar, até sumir na curva da estrada.

Então voltou para dentro.

Na sala da frente, os empregados começavam a abrir os presentes que a família tinha trazido.

O mordomo foi até eles e, olhando peça por peça, comentou:

— Esses suplementos devem ter vindo do Sr. André. Agora… Essa escultura de pinheiro em jade negra… Aposto que foi presente do Sr. Sérgio.

Sr. Henrique olhou para a peça: um pinheiro esculpido em jade negra natural, de textura delicada e brilho discreto.

A arte era de alto nível: a parte mais escura da pedra havia sido trabalhada como tronco e base, enquanto as veias e nuances mais claras formavam os ramos e agulhas do pinheiro.

A peça explorava ao máximo o valor estético da jade.

— O pinheiro representa longevidade. A pedra tem uma qualidade excelente. E o artesão, pelo visto, é um mestre antigo. — Comentou o mordomo. — Esse presente foi escolhido com muita atenção. No mercado, não deve valer menos de oito dígitos.

Ele fez uma pausa e completou:

— Parece que o Sr. Sérgio pesquisou muito bem sobre seus gostos, Sr. Henrique.

O patriarca apenas respondeu com indiferença:

— Guarde na reserva da coleção.