Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 429

Gabriel mordeu o lábio com força, a mão agarrando com toda a vontade o lençol da cama.

Mas, sem força no corpo, tudo que conseguiu foi um aperto fraco, quase simbólico.

— Eu sei... — Respondeu com a voz rouca, quase apagada. — Por isso... quero me redimir. Compensar... Com a vida inteira...

— Chega. — O Sr. Henrique o interrompeu, seco, direto. — Quer pagar pelos seus erros? Então paga com dinheiro. Dá bens, imóveis. Porque você, como pessoa... Vale o quê? Sem o Grupo Pereira, você acha mesmo que ainda tem algum valor?

Aquelas palavras foram como uma faca cravada no meio do peito.

Cruéis.

Mas... Verdadeiras, em certa medida.

— Eu vou providenciar um novo acordo de partilha dos bens. — Continuou o Sr. Henrique. — Vamos aproveitar o momento do divórcio e incluir isso no processo. Entregar o que é justo pra Bia.

Virou-se para o mordomo e ordenou:

— Faça um levantamento de tudo que está no nome dele. Patrimônio, ações da empresa, imóveis. Se não for suficiente... Tira um pouco dos meus.

— Sim, senhor. — Respondeu o mordomo, já anotando mentalmente o que deveria providenciar.

— Com isso, a compensação financeira estará feita. — Concluiu o Sr. Henrique, voltando-se para Gabriel com firmeza. — Depois disso, esquece ela. Nada de insistir, nada de correr atrás. A partir desse ponto, vocês estão quites. Fim de história.

Gabriel apertou os dentes.

Virou o rosto lentamente em direção ao avô, a tristeza transbordando no olhar, misturada com um sentimento de injustiça e desespero.

— Não... Eu não aceito isso. Não quero desistir dela...

O Sr. Henrique o encarou em silêncio.

O rosto rígido, o olhar firme e cheio de autoridade.

— Vô... Eu sei que errei. Mas eu não quero abrir mão da Beatriz... Foi quando eu mais a machuquei que percebi que a amava... Foi no pior momento que vi que estava errado sobre ela. Que fiz tudo errado...

Se fosse apenas um amor comum, passageiro, se fosse apenas mais uma relação de altos e baixos ao longo dos anos, então talvez valesse a pena deixar pra lá, cada um seguir seu caminho...

Mas ele... Ele sequer teve a chance de começar.

E mais, ele não apenas perdeu Beatriz.

Ele a magoou. A humilhou. A fez sofrer injustamente.

Nem sequer teve tempo de reparar os erros.

O arrependimento queimava por dentro. A frustração o corroía.

Sabia que merecia tudo de ruim, merecia mil punições, o desprezo de todos.

Mas...

Pedir que ele desistisse?

Deixar Beatriz ir embora como se nada tivesse acontecido?

E, com isso, a dor voltou.

No peito.

Na cabeça.

Nos músculos.

Na alma.

— Sei que você não pensou em morrer. — Continuou o avô. — Mas você tá preso nesse arrependimento. Afogado nessa dor. Foi por isso que eu trouxe um psicólogo. Pra te ajudar a sair disso. Coopere com o tratamento. Você precisa. Se continuar assim, nem estrutura emocional vai ter pra se manter de pé.

O Sr. Henrique parou por um instante.

O olhar endureceu mais uma vez.

— Nos últimos tempos, você me decepcionou profundamente. O Sérgio já começou o estágio na sede. Vou avaliar se ele tem o perfil e a competência. Se você quiser abrir mão da sucessão, seja homem pra dizer logo. Tenho no máximo dois anos de vida. Posso preparar outra pessoa, se for o caso.

Disse isso com total frieza.

Depois se levantou, apoiando-se na bengala.

O corpo curvado pelo tempo, a voz ainda firme, mas cansada, pesada de história e de escolhas difíceis.

Assim que ele saiu, o mordomo se aproximou da cama e disse em tom baixo:

— Sr. Gabriel... O senhor precisa se reerguer. O Sr. Henrique está falando sério. Ele não tá te provocando, nem tentando te ferir. Você já sobreviveu aos anos mais difíceis. Conseguiu se firmar como presidente. Vai mesmo jogar tudo isso fora agora?

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle