Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 428

— Preocupado com ele? Eu que o inferno! Se não fosse pelo desperdício de tudo que investi nesse moleque, deixava era morrer! — Esbravejou o Sr. Henrique, cheio de raiva.

O mordomo suou frio ao ouvir aquilo.

Conhecia bem o patrão. Quando ficava realmente irritado, costumava ferir com palavras duras, dizendo o oposto do que sentia.

Gabriel, ouvindo o embate entre os dois, finalmente começou a se acalmar.

A tensão nos ombros diminuiu, e ele deixou cair o braço que antes sustentava a cabeça.

Mas, ainda assim... Não olhou para ninguém.

Continuou com o rosto virado, o olhar perdido em algum ponto da parede.

— Eu não tô doente. — Murmurou, com a voz rouca, quase inaudível.

Mas o quarto era silencioso o bastante para que cada palavra fosse ouvida.

Mesmo falando baixo e com aquela voz arranhada de quem acabara de engolir cascalho, o Sr. Henrique entendeu perfeitamente.

E, na mesma hora, seu rosto ficou vermelho.

Os olhos arregalados, os bigodes se movendo com a respiração pesada, estava à beira de explodir.

— Ah, você não tá doente? Então quem foi que caiu duro no chão, sem conseguir se levantar? Quem foi que ficou com o corpo travado, tendo espasmos, quase sem conseguir respirar?

Gabriel ficou calado.

O olhar fixo no rodapé da parede.

Não disse uma palavra.

— Precisaram te aplicar sedativo pra te acalmar. Depois relaxante muscular. E ainda medicamento neurológico! Você acha mesmo que tá tudo certo com você? Que o problema sou eu, então?

Gabriel apertou os lábios, os olhos ainda fixos.

Demorou dois segundos para responder, com esforço:

— Foi só... Uma reação emocional. Não é doença.

E completou, com ênfase:

— E muito menos problema psicológico.

Apenas uma explosão de sentimentos.

Ele não estava doente. Já tinha se recuperado há muito tempo.

Nunca pensou em morrer. Nunca quis se machucar.

Então por que estavam tratando ele como se fosse um caso psiquiátrico?

Trazer psicólogo... Era o mesmo que chamá-lo de louco.

Mas Gabriel o interrompeu, com voz rouca, firme e inesperadamente clara:

— Eu nunca pensei em morrer.

As palavras pairaram no ar por um segundo.

O Sr. Henrique e o mordomo ficaram em silêncio, surpresos.

“Nunca pensou em morrer?

Estariam eles errados o tempo todo?

Será que Gabriel não estava tendo uma recaída depressiva, afinal?”

— Eu quero viver. — Continuou ele, com a voz ainda baixa, rouca, mas agora cheia de teimosia e convicção. — Quero passar a vida toda cuidando da Beatriz. Se eu morrer... Como vou me redimir?

Sr. Henrique ficou sem palavras...

“Ter vontade de viver era, sim, um bom sinal.

Mas... Cuidar da Beatriz?!

Pelo amor de Deus, será possível que ele ainda achava que tinha o direito?”

— Tomara que você não atrapalhe mais a vida dela. — Bufou o Sr. Henrique, impaciente. — Eu vi as imagens. Já falei com o Rafael sobre tudo o que aconteceu. Gabriel... Com que cara você ainda pretende se aproximar dela? Você não sente vergonha? Não sente nem um pingo de culpa?

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