Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 438

Ela estava acabada.

As sirenes da polícia começaram a soar ao longe. Vitória levantou a cabeça num sobressalto, sentindo as mãos formigarem e tremerem sem controle.

— Vitória, agora você tá ferrada! A polícia tá chegando. — Zombou Débora, com um sorriso vitorioso.

— Isso aí! Vai ter que pagar hospital, estética, danos morais... E ainda responder por agressão! Vai voltar direto pra delegacia, querida! — Completou outra modelo.

Vitória não olhou para nenhuma delas.

Ao invés disso, saiu correndo.

O movimento foi tão repentino que os três ficaram parados por um instante, completamente chocados.

E então reagiram, gritando e correndo atrás:

— CÊ TÁ CORRENDO?! VOLTA AQUI, SUA COVARDE!!

As duas modelos, de salto alto, mal conseguiam correr direito. O porteiro foi quem saiu em disparada, mas Vitória já havia alcançado a rua, atravessando o sinal no vermelho.

Buzinas estouraram por todos os lados. Motoristas gritaram xingamentos e frearam bruscamente. O caos tomou conta do trânsito, e acabou atrapalhando completamente a perseguição.

Do outro lado da rua, o porteiro viu apenas a silhueta da mulher sumir no meio dos carros.

Sem alternativa, voltou para o prédio.

No local, ao descobrirem que Vitória havia escapado, as modelos ficaram fora de si, batiam o pé no chão de tanta raiva.

Com a chegada da polícia, o porteiro mostrou as imagens da câmera de segurança, e Débora exigiu que investigassem o caso até o fim.

Do outro lado da avenida, entre ruelas estreitas e becos abafados, Vitória finalmente parou atrás de um muro, ofegante, tentando puxar ar para os pulmões.

Ela estava exatamente como Débora dissera: uma cachorra sem dono, uma rata de esgoto, fugindo pela vida.

Entre o medo, o pânico e o cansaço, o ódio também começou a borbulhar dentro dela.

Com as mãos trêmulas, puxou o celular mais uma vez. Discou o número da assistente.

Nada.

Bloqueada.

Roendo de raiva, Vitória correu até uma cabine telefônica pública, escaneou o código de pagamento e discou novamente.

Desta vez, atendeu.

Mal ouviu a voz do outro lado, Vitória já explodiu:

— Sua ingrata do caralho, Camila! Filha da puta, na primeira dificuldade você me trai?! Você me vendeu?! Você vai pagar por isso, desgraçada! EU JURO QUE VOCÊ VAI PAGAR!!

Do outro lado da linha, a assistente reconheceu a voz de Vitória na hora. Só de ouvir aquelas palavras venenosas, seu semblante já se fechou.

Agora que não estavam mais amarradas uma à outra, ela não precisava medir palavras. E respondeu na lata:

A voz da assistente saiu carregada de raiva, sem pausas, como se cada palavra estivesse engasgada há muito tempo:

Era um medo que ela nunca havia sentido na vida. Um pânico sem forma, misturado com ódio, desespero e uma frustração tão profunda que a alma parecia querer escapar do corpo.

Uma sensação de vazio absoluto tomou conta dela.

Vitória tinha sido descartada pelo mundo.

A empresa a havia demitido. Gabriel a rejeitava. Estava sem dinheiro.

E ainda tinha as dívidas: o Grupo Pereira exigia cinco milhões.

A empresa, por sua vez, cobraria ainda mais por quebra contratual...

Com que dinheiro ela ia pagar isso?

De onde tiraria essa fortuna?

Ela chorou por tanto tempo que as pernas ficaram dormentes.

Por fim, se levantou aos tropeços, ainda trêmula, com os olhos vermelhos, e começou a caminhar rumo ao armário de encomendas na rua Santo Amaro.

Um pensamento se formava com clareza brutal em sua mente:

“Se eu não tenho como pagar... Então eu vou fugir.”

Se ela fosse longe o bastante, ninguém nunca mais a encontraria.