Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 442

Eduardo, pela primeira vez em muito tempo, não soube o que responder.

Conversar com ela não podia ser como com a Letícia? Por que tanta formalidade, tanto cuidado, como se estivesse pisando em ovos?

Chegou a digitar uma resposta, mas acabou apagando. Sentiu que, no fundo, estava colhendo o que plantou.

Afinal, o título de “Sr. Eduardo” não era só uma formalidade. Era uma barreira real entre eles.

Além disso, ele mesmo vivia provocando, zombando dela, como se se divertisse com a reação da menina.

Eles nem sequer podiam ser chamados de amigos.

Então, esse tipo de tratamento educado e frio... Ele merecia.

Soltou um suspiro pesado, começando a se arrepender de ter agido de forma tão impulsiva antes.

A imagem de Beatriz veio à sua mente. O rosto gentil, a postura cuidadosa, a voz sempre medindo as palavras.

E foi então que Eduardo chegou a uma conclusão: não era culpa dele.

Na psicologia, existe um termo chamado “agressividade fofa”, aquele impulso incontrolável de querer provocar ou apertar algo ou alguém que é absurdamente adorável.

Beatriz, para ele, era isso.

Como um gatinho indefeso, que mesmo quando se irritava e mostrava as garras, não machucava ninguém. As unhas nem saíam.

Enquanto ele se perdia nesses pensamentos...

No mesmo instante, em uma cela isolada do centro de detenção, Gabriel também almoçava.

A refeição tinha sido especialmente montada por um nutricionista, a pedido do Sr. Henrique.

Mas Gabriel comia sem vontade. Escolhia o que colocava na boca com uma expressão de enfado.

As costelas estavam secas. O milho não era do tipo que gostava, preferia o doce, macio. A alface, amarga, intragável.

Se fosse a Beatriz quem tivesse cozinhado...

Ela com certeza teria eliminado qualquer traço de amargor. As costelas estariam no ponto certo, macias e saborosas.

Enquanto comia, a comparação era inevitável. Gabriel parou com o garfo e a faca no ar.

Durante dois anos, quase todos os dias ele havia saboreado as refeições dela. Ricas, nutritivas, feitas com carinho.

E, graças a isso, até as crises de gastrite dele haviam diminuído. Beatriz cuidava dele como ninguém.

E mesmo assim...

Ele teve a audácia de dizer que a comida dela era “sem gosto, como mastigar cera”.

Palavras que destruíram o coração dela.

As sobrancelhas de Gabriel se uniram num vinco de dor. Levou a mão esquerda ao peito, tentando controlar a enxurrada de memórias que o consumiam.

Ele sabia: se continuasse a pensar em tudo o que fez com Beatriz, suas emoções o dominariam. E todo o autocontrole que cultivou nos últimos dias desmoronaria.

E congelou.

O olhar dele se fixou em dois pontos cruciais.

As asinhas de frango com limão, até aí, comum.

Mas quem mais cortava o limão em formato de engrenagem, com aqueles recortes delicados?

E o logo no pote térmico, o mesmo da marca preferida de Beatriz.

Aquela que eles usavam sempre em casa.

De repente, como levado por um impulso, abriu a conversa com Eduardo e começou a digitar furiosamente.

Era hora de descanso, então a resposta veio quase instantânea. E, para sua fúria, cheia de sarcasmo:

[Claro, foi a Beatriz quem fez. Eu disse que era pra ser algo simples, mas ela foi supercuidadosa.]

[Não esperava menos de você, Sr. Gabriel. Reconheceu só pela foto, né? Também, depois de dois anos comendo essa comida, faz sentido.]

[Pode salvar a imagem se quiser. Afinal, você nunca mais vai comer isso mesmo. Fica com a foto pra matar a saudade, o gosto, deixa comigo.]

Gabriel encarou as mensagens, o sangue fervendo. Respirou fundo duas vezes, tentando se controlar.

Mas a raiva era grande demais.

Seus dedos começaram a digitar a resposta, num misto de fúria, dor e humilhação...

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle