Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 447

Do outro lado da linha, Eduardo ficou em silêncio por um segundo, como se tivesse levado um tapa na cara.

— Eu não fiz nada disso. Eu e a Beatriz já nos resolvemos. Agora a gente até se dá bem. — Tentou se defender, com um tom mais calmo.

— Hein? Quem acredita nisso? — Retrucou Leonardo, com um riso debochado e um revirar de olhos audível. — A menina preferia passar por um exame ginecológico doloroso a pedir sua ajuda, sabia disso?

As palavras bateram em Eduardo com peso.

Ele apertou os lábios, sem responder de imediato.

“Será que era tão difícil assim pedir minha ajuda?

Era só uma frase. Uma simples frase. Por que ela preferia passar por aquilo a simplesmente falar comigo?”

Já se conheciam havia um tempo.

As coisas entre eles tinham melhorado.

Talvez não fossem amigos, mas ele era irmão da melhor amiga dela... Pedir um favor não seria tão absurdo assim.

— Então para de se enganar. — Continuou Leonardo, sem dó. — Mesmo que hoje você esteja mais bonzinho, o estrago que causou ficou. A garota ainda tem trauma, pô.

Eduardo permaneceu calado.

— Eu vou falar com ela. Pessoalmente. — Disse, finalmente.

— Ei, não! Deixa essa comigo. Considera como se fosse eu pedindo o favor, tá bom? Mas, pelo amor de Deus, não conta pra ela, ouviu? Faz o favor de forma discreta. A dívida é minha. Depois eu pago com um jantar, tá bom?

A verdade era que ele sentia pena de Beatriz.

A menina, magrinha, já tinha passado por tanta coisa... Sem família rica, sem apoio, apenas com aquela teimosia bondosa no coração.

Leonardo não era como Eduardo, um canalha emocional em negação.

Ele sabia reconhecer uma mulher boa quando via uma.

— Engraçado, né? — Disse Eduardo, meio amargo. — Da última vez você fez questão de contar pra ela que fui eu que ajudei. Até me incentivou a não fazer o bem em silêncio.

— Situação diferente, mano. — Leonardo retrucou rápido. — Daquela vez eu achava que você gostava dela. Mas você mesmo disse que não gosta, não é? Então pra quê ficar se enfiando na vida dela à toa?

Eduardo fechou os lábios mais uma vez.

Não soube o que responder.

— Eiiita, peraí... não me diga que você tá mesmo gamado nela? — Leonardo voltou a provocar, com aquele tom cínico e brincalhão de sempre.

— Não. — Eduardo respondeu seco, direto como uma faca.

Leonardo soltou um “tss” irônico e, sem a menor cerimônia, expôs a verdade nua e crua:

— Então você só quer fazer um favor grandioso... Pra depois ficar lá, esperando a menina te agradecer, né? Aí ela fica com aquele olhar cheio de gratidão, te serve chá, te chama de salvador... é isso?

Eduardo não respondeu. Não se interessava por esse tipo de piada.

O que lhe veio à mente foi outro pensamento:

“Beatriz, por dois anos, vivendo com Gabriel... Praticamente como uma empregada doméstica.

Sem amor. Sem intimidade. Sem vínculo real.

Era um casamento de fachada. Um contrato vazio. Uma união sem alma... e sem corpo.”

Para qualquer outra mulher, aquilo seria uma tragédia.

Mas para Beatriz, talvez... Tivesse sido o melhor.

Ao menos, não havia sido tocada.

Quando olhasse para trás, no futuro, não teria que lidar com memórias repugnantes.

Poderia respirar.

Vendo que o amigo não dizia nada, Leonardo continuou tagarelando, sem filtro como sempre:

— Agora tudo faz sentido. Sempre achei aquela menina inocente até demais. Antes eu pensava: “Ah, deve ser falta de experiência no amor”. Mas no fim... Ela nem sabe o que é ter um homem de verdade. Se for pensar assim, ela tá tipo... Uma florzinha prestes a desabrochar... Se eu resolvesse conquistar ela, tipo sério mesmo...

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