Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 464

Leonardo sentia que havia algo estranho ali... Mas, pensando melhor, fazia seis anos que eles não se viam. Provavelmente, já tinham virado dois completos desconhecidos.

O que é que a Lelê teria pra contar sobre ele à Beatriz, afinal?

Ele já devia ser só mais uma figura irrelevante no passado dela.

E, sendo irrelevante... Não tinha por que falar dele.

O que importava agora era o processo. Só isso.

Com esse pensamento, Leonardo soltou um suspiro cansado.

— Fria que só... — Murmurou.

Lembrou que, naquela época, ele nunca aparecia de mãos vazias, sempre levava uma lembrancinha pra ela.

E agora? Ela parecia ter apagado ele completamente da memória.

Enquanto uns dormiam tranquilos e outros remoíam mágoas...

Em outro canto da cidade, uma casa de leilões fervilhava.

O leiloeiro apresentava itens de colecionador. E, quando a tela mostrou um colar de esmeraldas, um dos homens na plateia, que até então parecia entediado, ficou subitamente atento.

— Este é um colar com esmeralda de altíssima qualidade, datado da Idade Média. Os diamantes que o rodeiam são fragmentos raros, originários exclusivamente da região de Guaré. — Explicava o leiloeiro, enquanto a peça brilhava na tela. — A última vez que foi arrematado foi há vinte e cinco anos. Agora, o colecionador resolveu colocá-lo novamente à venda.

A organização do evento já tinha providenciado um laudo técnico oficial. Autenticidade garantida.

E o colar... Era, sem dúvida, um dos destaques daquela noite.

— A peça foi mantida em excelente estado. — Continuava o leiloeiro, entusiasmado. — A coloração é viva e translúcida, os diamantes refletem a luz com intensidade.

Sob o foco dos refletores, o verde e o branco se fundem num brilho único... Como se trouxessem de volta o esplendor de um castelo medieval, elegante e majestoso.

Na tela, a transmissão exibia imagens reais do colar em 360 graus, sem nenhum ponto cego.

Todos os ângulos estavam ali, perfeitos para os compradores avaliarem.

O lance inicial: nove milhões.

Logo os números começaram a subir, as placas se erguiam uma após a outra.

Duas rodadas depois, o valor já alcançava os cinquenta milhões.

Começava a terceira rodada. Um dos compradores, claramente disposto a levar a peça a qualquer custo, elevou a aposta. O leilão chegou aos setenta milhões.

— Setenta milhões! Alguém cobre? — Perguntou o leiloeiro, animado.

Foi então que, da primeira fileira, a mais exclusiva, um homem até então calado ergueu a placa.

Sua voz grave ressoou pelo salão:

— Setenta e cinco milhões. — Disse.

O lance incendiou a terceira rodada.

Alguns tentaram acompanhar... Mas, no fim, ninguém conseguiu superar o valor.

O lance chegou a incríveis cem milhões.

Sim, o colar de esmeraldas era, de fato, uma peça rara e deslumbrante.

Até o dia em que sua irmãzinha, com pouco mais de quatro anos, desapareceu.

Ele a levou num passeio de outono, uma excursão boba... E ela foi sequestrada por traficantes de crianças.

Naquela época, a tecnologia não era como hoje.

Mesmo com dinheiro, as buscas eram praticamente às cegas.

O mundo era grande demais, e ela parecia ter sumido sem deixar rastro.

A mãe, devastada, entrou num colapso nervoso. Chegou a ser internada.

A família procurou sem parar por meses.

Depois, por anos.

Foram ao limite. Praticamente montaram acampamento na delegacia.

Tudo isso... Para, no fim, receber apenas um possível, e cruel, desfecho.

Um dos cúmplices capturados anos depois confessou...

Todas as crianças eram levadas imediatamente para outras regiões, revendidas em questão de horas.

E o destino final?

Impossível de saber.

A cada revenda, a trilha se apagava.