Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 50

Beatriz encarava aquele homem em surto, os dentes cerrados, tentando com todas as forças não brigar.

Doente. Insano. Louco.

Nada parecia suficiente para descrever Gabriel naquele momento.

Ele trancou a porta com chave e ainda passou mais duas trancas de segurança.

Depois disso, ficou ali, imóvel diante da porta, feito um carcereiro, como se estivesse vigiando sua própria prisão.

Beatriz deu meia-volta sem dizer nada, entrou no quarto e bateu a porta com firmeza.

Não valia a pena gastar energia com um psicopata desses.

Gabriel viu ela sumir no corredor e o rosto dele até relaxou um pouco. Mas só por alguns segundos.

Logo depois, ouviu um barulho e viu a caixinha da joia sendo arremessada para fora do quarto.

Ele rangeu os dentes de raiva.

Mas não se foi para pegar.

O som cessou.

Foi então que, na suíte de hóspedes, a porta se abriu lentamente.

Vitória apareceu com passos leves, o olhar atento e um sorriso doce no rosto.

Abaixou-se, pegou a caixinha do chão com todo cuidado e se aproximou de Gabriel com voz suave:

— Gabi… Talvez você tenha entendido tudo errado. A Bia… Ela te ama tanto.

— Entendido errado?! — Gabriel explodiu. — Ela passou os últimos dois anos sem falar com ninguém, sem amigos, sem vida. E eu que entendi errado?

— Mas... Você também nunca viu nada com os próprios olhos. — Murmurou Vitória, com o tom calmo de quem instiga devagar.

—Se eu tivesse visto com meus próprios olhos... Aquele desgraçado estava morto naquela mesma noite. — Rosnou Gabriel, o rosto tomado por uma expressão assassina.

Vitória o observava com atenção.

Ela sabia: toda aquela raiva só podia vir de uma coisa, ciúmes.

Gabriel estava envenenado por dentro. Estava completamente apaixonado por Beatriz, mesmo que ainda não tivesse consciência disso.

Mesmo assim, Vitória manteve a pose tranquila:

— Gabi... Você tá com ciúmes?

Gabriel congelou.

O olhar ficou vago por um instante, o corpo rígido.

Mas logo se recompôs, respondendo com agressividade:

— Ciúmes? Dela? Nem em sonho. Ela que se achegue, que pense que tem esse poder todo. Eu só estou defendendo minha dignidade de homem. Qualquer um no meu lugar faria o mesmo.

Vitória segurou o sorriso de escárnio que quase escapava.

Ela já tinha entendido tudo. Mas não precisava deixar claro que sabia.

“Ainda dá tempo” pensou, “antes que ele perceba que ama a Beatriz, eu vou engravidar dele. A mãe do filho de Gabriel Pereira vai ter lugar garantido nessa família.”

Mas primeiro...

Beatriz teria que sair do caminho.

Com um tom ainda mais doce, Vitória ficou ali por um bom tempo, consolando Gabriel, dizendo tudo o que ele queria ouvir.

Por fim, sugeriu que ele fosse tomar um banho e descansar.

Prometeu que ela mesma ficaria vigiando a porta, garantindo que Beatriz não escapasse.

— Vai lá, Gabi... Pode confiar em mim. Eu cuido disso.

Já passava da meia-noite.

Gabriel precisava trabalhar no dia seguinte.

Vendo a insistência de Vitória em tomar conta da porta, acabou voltando pro quarto principal.

Mas não conseguiu dormir.

Virava de um lado pro outro na cama, o sangue fervendo só de pensar em quem poderia ser aquele homem.

“Será que ela se envolveu com alguém durante a internação?”

Quanto mais pensava, mais a raiva crescia.

Na cabeça dele, o plano já estava traçado.

“Primeiro, destruir aquele desgraçado. Depois, manter Beatriz trancada em casa... Para sempre.”