Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 510

— Claro que eu vim de surpresa, ué. Se eu avisasse antes, você não ia dar alguma desculpa pra não vir? — Disse Leonardo com um sorriso maroto, aproveitando o semáforo vermelho para lançar a ela uma piscadela.

Beatriz apenas lançou um olhar de lado, sem dizer nada.

“Esse Leonardo… Claramente já tem o hábito de flertar. É automático.”

— Na primeira audiência, a gente ainda não se conhecia direito. Mas agora, na segunda, já dá pra dizer que somos amigos, né? — Continuou ele, com aquele tom leve e convincente. — Vim como amigo, não só como advogado. Muito mais digno assim.

Beatriz o encarou por alguns segundos e, no fundo, teve que admitir: ele sabia usar as palavras. Era afiado, articulado e carismático ao ponto de ser perigoso. Não era de se espantar que vivesse rodeado de mulheres.

Enquanto conversavam, o carro já havia estacionado diante do tribunal.

Assim que entraram no prédio, Leonardo mudou completamente.

A expressão se tornou séria, o olhar focado. Segurava a pasta de couro com firmeza, ali dentro estavam todos os argumentos, provas e a nova estratégia.

A segunda audiência começava...

A defesa de Gabriel veio preparada para insistir na reconciliação. O advogado da parte contrária apresentou um documento de dez páginas, implorando por uma segunda chance. Descreveu o arrependimento profundo do cliente, exaltou o amor pelo matrimônio e apontou interferências externas como motivo do desgaste.

Era quase uma declaração dramática de novela mexicana.

Leonardo, no entanto, mantinha-se sereno. E Beatriz, sentada ao lado, também não demonstrava nenhum sinal de nervosismo.

Eles tinham um trunfo novo. Provas que mudavam o rumo do processo.

— Parte ré, considerando o arrependimento declarado do autor e os documentos que indicam a presença de terceiros na crise conjugal… a senhora aceita a proposta de conciliação? — Perguntou a juíza, com tom imparcial.

Beatriz se levantou.

Seu rosto era puro gelo.

— Não aceito. — Disse com clareza, olhando diretamente para a juíza. — Meu casamento terminou muito antes dessa audiência. Em dois anos, nunca dormimos no mesmo quarto. Ele jamais cumpriu qualquer dever conjugal. Segundo a Lei de Família, isso exige ou uma explicação médica plausível, ou estamos diante de uma omissão grave por condição física não revelada. Isso caracteriza ocultação pré-nupcial, o que anula a validade emocional do matrimônio.

A sala silenciou.

O advogado de Gabriel ficou completamente sem reação, os olhos arregalados. Claramente, aquela parte da história não havia sido mencionada por seu cliente.

Leonardo lançou um olhar rápido e irônico para o adversário. Soltou um “hm” seco pelo nariz, deixando claro: jogou sujo, agora segura.

Com calma, caminhou até a mesa da juíza e entregou os documentos.

As provas eram sólidas.

Registros de conversa recuperados por Eduardo, um expert em TI contratado discretamente, mostravam todas as trocas de mensagens entre Beatriz e Gabriel.

Não havia carinho. Nenhuma insinuação amorosa. Só comandos secos e respostas curtas. Parecia mais chefe e funcionário do que marido e mulher.

Leonardo cruzou os braços após entregar as provas e deu um leve sorriso de canto.

Jogo limpo. Peça movida. Xeque-mate.

— Autor, deseja apresentar réplica? — Perguntou a juíza, com voz neutra.

E agora?

Como se defende disso?

Por alguns segundos, sua mente ficou em branco.

Mas, logo depois, começou a girar freneticamente, tentando encontrar uma saída.

“Não posso deixar assim. Se aceitar essa acusação, é o fim definitivo. Não haverá mais chance de reconciliação.”

Respirou fundo, cerrou os punhos e disse ao advogado, pelo telefone:

— Diga à juíza que eu tive… Um problema de saúde. Uma disfunção. Não cumpri os deveres conjugais não por falta de vontade, mas por questões médicas, objetivas. E enfatize: isso não configura omissão premeditada antes do casamento. Porque é uma condição temporária, não permanente. E mais, hoje em dia, estou curado. Já estou bem. Só não tive tempo de conversar sobre isso com minha esposa… Antes de tudo se precipitar.

Gabriel mordeu o lábio inferior com força, até quase sangrar.

Não existe homem no mundo que queira se declarar incapaz em público.

Ainda mais num tribunal, ainda mais sem ser verdade.

Mas naquele momento, o que menos importava era seu orgulho.

Ele queria Beatriz de volta.

Se essa era a única saída, então que fosse.

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