Mas isso aqui era território nacional. Sacar uma arma seria sempre o último recurso. Ele não queria passar o resto da vida sendo caçado pela polícia.
Além disso, o marido daquela mulher não era qualquer um. Tinha dinheiro, influência, conexões. Era um alvo complicado. Se não fosse, o contratante não teria oferecido um valor tão alto pela encomenda.
Como se já não fosse difícil o suficiente agir livremente, a mulher ainda tinha um forte instinto de autoproteção.
E, pra piorar, o azar parecia andar de mãos dadas com ele. O condomínio onde ela morava tinha acabado de reforçar a segurança: entrada só com autorização do morador e, ainda por cima, exigiam cadastro facial.
Pra se locomover, ela só usava transporte público. Nem aplicativo de carona ela chamava.
O homem se forçava a conter a irritação e o nervosismo, como uma hiena à espreita. Sinistro, atento, colado no rastro da presa.
Contava mentalmente o tempo. Observava a pilha de garrafas vazias na mesa. Já devia estar na hora da fuga pro banheiro, certo?
Essa seria a deixa.
E não precisou esperar muito. Na grama iluminada pelas luzes suaves do acampamento improvisado, Letícia se levantou, puxando Beatriz pelo braço:
— Bia, vai comigo no banheiro?
Beatriz se levantou também, avisou Daniel com um gesto breve e as duas se dirigiram ao banheiro do estabelecimento ali perto.
Letícia, que tinha boa resistência ao álcool, não estava nem perto de ficar bêbada. Chamou Beatriz apenas porque não gostava de ir sozinha.
Já Beatriz era outra história. A cabeça ainda funcionava bem, mas as pernas… Essas já estavam bambas. Precisava se apoiar em Letícia pra caminhar sem tropeçar.
— Ei, me diz que essa não é a primeira vez que você bebe de verdade? Você tá pior que eu, certinha! — Zombou Letícia, rindo.
— Já bebi… Numa confraternização da faculdade. — Respondeu Beatriz.
Mas, na época, tinha sido só uma tacinha, só pra socializar. Nunca tinha bebido tanto quanto agora.
— Aham… E ninguém precisou te levar pra casa naquela vez, né? Foi só um gole de boa. — Disse Letícia, continuando o papo enquanto caminhavam.
Uma estudava Artes Visuais, a outra, Mídias Digitais, cursos totalmente distintos, que jamais as colocariam na mesma república, não fosse a mistura dos dormitórios.
Letícia nem precisava morar em alojamento. Podia muito bem viver com os pais. Mas, em casa, tinha regra demais, controle demais. E isso… Isso ela não suportava.
Ela tinha passado toda a adolescência, do ensino fundamental ao médio sob a opressão constante do irmão mais velho. Por isso, ao entrar na universidade, Letícia só queria uma coisa: liberdade.
O alojamento estudantil oferecia justamente isso. Ainda que fosse minúsculo, abafado e um campo de batalha constante para desentendimentos.
Mas não. Primeiro, Beatriz tentou resolver com diálogo. Deu uma advertência verbal. Quando viu que não adiantava, ligou para o coordenador do curso. E depois… Entrou na briga.
Letícia ficou comovida de verdade. Mesmo que, sejamos francos, a presença de Beatriz não tenha mudado muita coisa, na verdade, a pobre ainda levou alguns chutes.
A essa altura, Letícia deixou de lado qualquer fingimento.
Pegou o celular, ligou para casa… E chamou reforços.
Quando o coordenador chegou tentando acalmar os ânimos e propor uma mediação, Letícia recusou na hora.
Ela já suspeitava fazia tempo que aquelas colegas tinham envolvimento nos furtos e no uso indevido de suas coisas, perfumes, maquiagens, roupas. Aquela briga era só a ponta do iceberg.
Pouco depois, uma frota de SUVs pretas apareceu estacionada na frente do prédio do dormitório.
Os seguranças enviados pela família Martins estavam alinhados como um esquadrão.
Até o diretor da universidade apareceu pessoalmente, bajulando, pedindo desculpas e prometendo providências.
Foi naquele dia que todo o campus descobriu que, entre as camas estreitas e beliches do alojamento feminino, morava uma legítima herdeira de uma das famílias mais poderosas do país.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle
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O que está acontecendo???? Está parado faz muito tempo!!!! Desbloqueia!!!...
Desbloqueia!!! Já está no capítulo 740 há muito tempo...
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