Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 530

Letícia respondeu com um sticker de “beleza” e a conversa com Daniel se encerrou por ali.

Mas, ao colocar o celular de lado, ela ficou com uma expressão levemente intrigada. Murmurou consigo mesma:

— Ué… Por que o Daniel quer que eu agradeça? Ele não tem o contato do meu irmão, não?

Achou aquilo estranho, mas não o suficiente pra levar a sério. De qualquer forma, nem pensou em passar o recado adiante. Pra ela, aquilo tudo era só uma carona, algo natural entre amigos. Não havia necessidade de transformar em cerimônia.

Na manhã seguinte, o despertador tocou.

Beatriz se remexeu, ainda com a cabeça meio pesada. Esticou a mão até o celular e desligou o alarme, olhando rapidamente as horas. De olhos fechados, virou-se de lado, disposta a cochilar só mais um pouquinho antes de levantar.

Mas bastaram poucos segundos para que, de repente, seus olhos se abrissem completamente.

As lembranças da noite anterior voltaram com força.

O jantar com Daniel e Letícia, isso ela lembrava perfeitamente. Até lembrava de ter aceitado a carona de Eduardo… E, com vergonha, também se lembrou de ter usado o lenço dele.

Só que… Depois disso?

Vazio.

Um buraco preto. Nada.

Beatriz sentou-se na cama num impulso, assustada. Virou o rosto e viu, sobre o criado-mudo, uma peça de seda azul-marinho dobrada com cuidado, o lenço de Eduardo.

Baixou os olhos para si mesma. Ainda estava com a mesma roupa da noite anterior. Apenas os sapatos tinham sido retirados.

Franziu a testa, levou os dedos à têmpora e apertou levemente, como se isso fosse ajudar a lembrar.

Era a primeira vez na vida que apagava completamente por causa de álcool. Não fazia ideia de como tinha voltado para casa.

Isso era perigosíssimo.

Ainda bem que estava com Letícia. Se fosse outro grupo… Ou outra pessoa…

Sacudindo o pensamento incômodo, foi até o banheiro e começou a se preparar para o dia.

Escovou os dentes, depois parou em frente ao espelho, analisando o reflexo. Curiosamente, apesar de ter ido direto pra cama, seu rosto parecia… Limpo.

E não só o rosto. As mãos também. O pescoço, geralmente onde o suor deixava a pele pegajosa depois de um dia inteiro fora, estava seco e fresco.

"Como assim?

Será que… Eu mesma lavei o rosto antes de dormir? Mesmo nesse estado?"

Pensando nisso, abaixou os olhos. E então viu.

Na barra da toalha pendurada no cabide, sua toalha de secar as mãos, estava claramente úmida.

Beatriz ficou parada por um momento.

Levantou a mão devagar e tocou no tecido. Sim, estava molhado.

Mas… Ela não se lembrava de ter feito isso.

Ela, uma bêbada esquecida, teria usado a toalha de mãos pra lavar o rosto?

Silêncio.

Ela virou o rosto.

Era o mesmo motorista de aplicativo do dia anterior, o homem que a abordara na saída do restaurante.

Ele sorriu, com o rosto amassado de simpatia, e acenou com empolgação:

— Indo pro trabalho, moça? Quer uma carona? Tô de saída, te deixo lá rapidinho!

Beatriz o encarou por um segundo.

O sorriso dele parecia genuíno, o tom leve, como o de alguém realmente prestativo.

Mas…

— Não precisa, obrigada. Já estão vindo me buscar. — Respondeu com um sorriso educado.

E então, discretamente, mudou de direção.

Em vez de atravessar, seguiu por outra calçada, fingindo que apenas estava caminhando enquanto comia.

Ao virar a esquina, deu uma espiada com o canto dos olhos.

O carro havia saído da frente do condomínio.

E estava vindo atrás dela.

Na mesma hora, uma onda gelada subiu por sua espinha. O estômago se revirou, e ela apertou o passo instintivamente, tentando disfarçar o nervosismo.

Logo viu algumas pessoas andando mais adiante, um grupo de três ou quatro. Sem hesitar, foi em direção a eles, misturando-se no meio como quem só queria passar.