Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 531

Na verdade, não havia nada de estranho nisso. Um carro de aplicativo nas proximidades aceitando uma corrida era algo perfeitamente normal, não?

Além disso, ele havia mostrado o rosto, até acenado para ela. Se fosse alguém com más intenções, dificilmente permitiria que ela visse com tanta clareza sua aparência. Diferente, por exemplo, do homem que a seguira da última vez.

Mas, mesmo assim...

Talvez fosse apenas intuição. Aquele sexto sentido aguçado... Beatriz não sabia explicar. Apenas sentia que havia algo errado. E, além disso...

Ele estava aparecendo com frequência demais.

Seguindo o fluxo de pessoas, fingindo estar com um grupo de amigas, Beatriz continuou caminhando até outra entrada do metrô. Assim que chegou, entrou diretamente.

Dentro de um carro parado à beira da rua, o homem que a observava franziu a testa ao perceber que a mulher não fora abordada por ninguém nem recebera ligações. Apenas havia entrado por outra estação.

Seu semblante, antes neutro, tornou-se sombrio. Quando não sorria, seu rosto ganhava um ar verdadeiramente ameaçador, algo que causava calafrios só de olhar.

O alvo estava demonstrando um nível de vigilância muito acima do esperado. Estava claro que já desconfiava dele. E aquilo... Era apenas o segundo dia em que ele aparecia.

Achava que, por ser jovem, ela seria ingênua, fácil de manipular. Que bastaria um pouco de conversa, criar algum tipo de vínculo emocional e, então, levá-la para fora da Cidade A até alguma área isolada nos arredores e resolver tudo por lá. Mas agora... Estava claro que esse plano não funcionaria.

Pior ainda. Ele havia mostrado o rosto.

Seus olhos fixaram-se na entrada do metrô. O olhar era frio, cortante, como o de uma águia faminta em pleno voo.

Beatriz entrou na estação, pegou o metrô e, durante todo o trajeto, continuou olhando para trás de tempos em tempos, tentando confirmar se o motorista a estava seguindo.

Mas não viu ninguém.

Sua respiração ainda estava um pouco acelerada. Franziu a testa, sentindo que, nos últimos tempos, vivia em constante estado de alerta. Qualquer coisa parecia um sinal de perigo.

Quando finalmente chegou à empresa e se aproximou da entrada principal do prédio, olhou para trás mais uma vez.

A maioria dos carros estacionados na rua era preta ou cinza. Havia alguns brancos, mas nenhum que combinasse com o modelo do carro do motorista.

Beatriz suspirou aliviada e entrou.

Talvez estivesse mesmo paranoica. Levaria algum tempo até que seus nervos voltassem ao normal.

Apesar de estar impecavelmente vestido, como de costume, terno alinhado, cabelo perfeitamente penteado e o rosto barbeado, ao levantar o olhar, seu semblante...

Ainda carregava uma sombra sombria.

As olheiras acentuadas realçavam o brilho gélido dos olhos. Um olhar cortante e sinistro, como o de uma serpente prestes a atacar.

— Sr. Gabriel, seu café da manhã. — Rafael anunciou, aproximando-se.

Depois de deixar a bandeja sobre a mesa, começou a apresentar a agenda do dia.

Gabriel não demonstrava nenhuma emoção. Pegou a tigela de mingau e começou a comer, os olhos fixos nos documentos à sua frente.

Rafael, enquanto lia o cronograma, observava-o de canto de olho. O semblante tranquilo de Gabriel contrastava fortemente com o homem que havia saído, ou melhor, sido liberado, da detenção no dia anterior.

Era impressionante como conseguia se recompor tão rápido. Em certos momentos, Rafael realmente o admirava. Para chegar onde estava, só podia ser alguém com sangue frio. Sentimentos e dramas pessoais jamais podiam interferir no trabalho.

— Depois da reunião internacional às duas da tarde, às duas e meia o senhor tem compromisso com a Aurora... — Rafael lia o cronograma, mas, ao chegar nessa parte, ele próprio parou.