Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 537

A toalha de rosto molhada.

Letícia jamais confundiria uma toalha de mãos com a de rosto, ainda mais na casa dela.

Então... Por que Beatriz não tinha se dado conta disso logo pela manhã?

Quem a havia levado pra casa, afinal? O motorista? Ou... Eduardo?

Beatriz apertou os lábios, pensativa, o coração dando um leve salto.

Ela torcia para que tivesse sido o motorista. No fim das contas, faria mais sentido: um profissional do setor de serviços, acostumado a cuidar dos detalhes, provavelmente seria mais atencioso.

Mas, ainda assim…

Enxugar o rosto dela... Não era atenção demais?

Quer dizer, era um homem. E entre homem e mulher, havia certos limites. Levá-la até em casa já seria mais do que suficiente.

Claro, o gesto havia sido de boa intenção. Beatriz sabia que não deveria interpretar aquilo de maneira errada. Mesmo assim, não conseguia evitar que a imagem da manhã seguinte lhe voltasse à mente.

Acordou com a roupa impecável. Nem parecia que havia dormido com ela. Nem a alça do sutiã estava fora do lugar. Tudo indicava que nada havia acontecido.

Mas, ainda assim, imaginar um estranho tocando seu rosto com uma toalha... era esquisito.

Com esses pensamentos embaralhados, o elevador chegou ao andar do restaurante.

Beatriz ainda esperava a resposta de Letícia, mas o que apareceu na tela foi outra coisa...

Uma mensagem de Eduardo.

[Já é a segunda vez. Se tem alguma dúvida, por que não pergunta direto pro envolvido? Ficar mandando a Letícia de recado é algum tipo de birra comigo?]

Beatriz congelou.

Literalmente travou.

Ficou parada, como uma estátua. O elevador abriu, ela não saiu. Quase foi levada de volta para o andar de cima.

Despertou no último segundo e, com um tranco, deu um passo pra frente. Por pouco não ficou presa na porta automática. Os olhos arregalados liam e reliam cada palavra na tela.

O céu... Parecia ter desabado sobre sua cabeça.

Era o Eduardo!

Como podia ser... O Eduardo?!

Se fosse um estranho, já seria desconfortável. Mas se tratando de Eduardo…

Aquilo era muito mais esquisito!

Desde o começo, ele só sabia provocá-la, brincar com ela como se fosse um passatempo. Depois, até que havia parado um pouco com as piadas sem graça... Mas a relação dos dois nunca passou do educado e distante.

E agora… Ele tinha feito aquilo?

Beatriz continuava encarando a tela, o cérebro embaralhado demais para formular qualquer reação.

Demorou a perceber que já estava dentro do restaurante. Só então se lembrou: precisava agradecê-lo.

Afinal, independentemente de tudo, o que ele fez foi ajudá-la.

Beatriz sentiu o rosto inteiro esquentar num segundo. Ficou ruborizada até a ponta das orelhas.

Meu Deus! Não era isso que ela quis dizer!

Ela jamais insinuaria que Eduardo tinha se aproveitado da situação. Nunca!

Lendo de novo a própria mensagem, percebeu sim, estava formal demais. Parecia realmente que estava fazendo uma acusação velada.

Desesperada, começou a se justificar:

[Não! Não foi isso que eu quis dizer!]

[Juro! Eu só queria agradecer mesmo! Nada além disso!]

[Sinto muito se pareceu mal. Foi só gratidão, de verdade!]

Vieram em sequência mais três ou quatro mensagens. Emojis de nervosismo, de suador, até um gatinho com olhos de desculpa.

Do outro lado, Eduardo olhava a enxurrada de respostas chegando, uma após a outra. Quase dava pra ver a menina se atrapalhando, toda envergonhada, do outro lado da tela.

Ele não conseguiu conter o riso.

Deu uma leve risada, baixa, divertida.

E naquele exato instante... A velha vontade provocadora despertou nele de novo.

Ah, sim. O Sr. Eduardo estava prestes a voltar a implicar com a garota doce e pura.