Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 623

— Quem disse que preciso ser bem-vinda por você? O Sr. Henrique acabou de falar, com todas as letras, que eu posso ficar o tempo que quiser. — Disse Letícia, cheia de satisfação.

Gabriel fechou o punho com força e fitou, furioso, as costas da mulher que empurrava a porta para entrar. O ódio quase lhe causava um infarto.

Dentro do quarto, Letícia reduziu os passos de propósito. Naquele dia, havia escolhido sapatos sem salto, justamente para não fazer barulho e incomodar Beatriz.

Sentou-se ao lado da cama, olhando o rosto pálido da amiga. Um suspiro dolorido escapou de seus lábios enquanto, com delicadeza, afastava os fios soltos da testa da garota.

Bia tinha sofrido demais. Nos últimos dois anos, vivera sob as humilhações e mágoas de Gabriel. Quando finalmente se livrou do casamento, vieram duas tentativas de sequestro. Agora, ainda caíra vítima de uma droga tão forte.

Permaneceu assim, contemplando-a por alguns instantes. Depois, levantou-se. Mas, ao abrir a porta, deparou-se com Gabriel ainda plantado na entrada.

— Terminou? Então vá embora de uma vez. — Ele decretou, em tom de ordem.

— Eu não disse que ia embora. — Resmungou Letícia, fria. — Aliás, já encontraram o criminoso? E quem mandou ele agir... Foi a Vitória, não foi?

— E por que eu deveria te contar? — Gabriel retrucou, virando-lhe as costas. — Isso é assunto da minha família. Você é apenas uma estranha, não precisa se meter.

Ao ouvir a expressão “assunto da minha família”, Letícia quase riu de indignação.

“Que cara de pau! Gabriel tem a pele mais grossa que muralha de concreto!”

— Preciso mesmo te lembrar? Você e a Beatriz já estão divorciados há tempos. Que “assunto de família” é esse? Tem até coragem de falar isso? — Rebateu Letícia, sem dó. — Se não me contar o andamento da investigação, eu vou descobrir de outro jeito. Não pense que dependo de você.

Passou por ele com firmeza e seguiu até o final do corredor, onde ligou para Rafael.

Gabriel a observava.

Ela tinha conseguido chegar àquele hospital particular rapidamente, sabia exatamente o andar e o quarto, e ainda os seguranças do elevador a deixaram passar sem problemas. Isso só podia significar uma coisa...

Havia um traidor entre eles.

“Hm... O Sr. Gabriel não é tão deplorável assim. O problema é que, por ser amiga da Srta. Beatriz, a Srta. Letícia naturalmente entra em atrito com ele.”

Enquanto isso, no corredor, Letícia ainda falava ao telefone, ouvindo atentamente os detalhes do caso. Rafael, mesmo tendo sido ameaçado, acabava relatando tudo de forma fiel, sem esconder nada.

— Estuprador?! — Exclamou Letícia, a voz subindo sem que percebesse.

Logo em seguida, levou a mão à boca e, num sussurro indignado, xingou:

— Maldita seja... Aquela víbora da Vitória! Que morra de uma vez!

— Ainda não conseguimos capturar o criminoso, por isso não podemos confirmar que foi a Vitória quem mandou. — Explicou Rafael do outro lado da linha.

— Precisa mesmo confirmar? Quem mais, além dela, faria uma coisa dessas?! — Protestou Letícia, furiosa. — Vocês deveriam prendê-la imediatamente! Apertar o interrogatório, arrancar a verdade à força. Não podem simplesmente deixá-la escapar!