Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 627

— Ainda não, tia. Antes concentrei toda a minha energia no trabalho. — Respondeu Renato.

— E faz muito bem. Primeiro a carreira, depois o casamento. — Disse Priscila, sorridente, já olhando para Renato quase como se o tivesse escolhido como genro.

Solteiro... Isso significava que Letícia ainda tinha chances. Precisava ligar para a filha e trazê-la para o almoço de qualquer jeito.

— E você, Vi? — Perguntou então, voltando-se para a jovem sentada com postura impecável.

— Também não, Sra. Priscila. — Respondeu Vitória com um sorriso delicado.

— Uma moça tão bonita quanto você... Quando chegar a hora, haverá pretendentes batendo à porta da família Cardoso. — Elogiou Priscila.

O sorriso de Vitória ganhou um toque de timidez; ela baixou os olhos e disse com voz suave:

— Na verdade, eu gostaria de passar mais tempo com meus pais e com meu irmão. Fiquei separada deles por tanto tempo...

— Que querida. Um verdadeiro exemplo de filha dedicada. — Priscila a elogiou com afeto, os olhos cheios de aprovação.

No íntimo, já fazia as contas: “Dois filhos solteiros na família Cardoso... E aqui em casa também. Se não der pra sair dois casamentos, pelo menos um já seria uma bênção.”

Ao lado, Eduardo observava a cena.

Cada gesto de Vitória, cada palavra ensaiada, tudo lhe parecia uma grande encenação.

“Será que ela já esqueceu o que aconteceu na delegacia? Naquele dia, gritou até perder a voz, o rosto distorcido em pura fúria, parecendo uma louca histérica.

E agora está aqui: vestida como uma princesa, fingindo ser uma. Só meus pais é que se deixam enganar pela fachada. Eu, não. Já vi a verdadeira face dela.”

Com expressão impassível, Eduardo lançou a ela um olhar rápido antes de desviá-lo, indiferente.

Sua intuição dizia que Vitória era mestra em fingir, em construir uma imagem para si. Talvez Renato ainda não tivesse descoberto a verdadeira face da irmã.

Mas isso não era da sua conta e tampouco seria ele quem abriria os olhos do rapaz. Se dissesse algo, corria o risco de parecer invejoso ou desagradável.

No fim das contas, não importava o que Vitória fosse de verdade: para Renato, continuaria sendo a irmã perdida, alguém a quem protegeria a qualquer custo.

Eduardo se levantou, já prevendo qual seria o assunto.

Afinal, como irmão mais velho, e ainda um irmão reencontrado depois de vinte anos, não seria natural que quisesse fazer justiça em nome dela?

Vitória acompanhou os dois com os olhos enquanto se afastavam, curiosa sobre o que teriam a tratar que exigia tanta discrição.

Mas não os seguiu. Afinal, Priscila parecia bastante encantada com ela e a mantinha ocupada em conversa.

— Sra. Priscila, por que não vi a Srta. Letícia por aqui? — Perguntou Vitória com um sorriso delicado.

— Ah, você conhece minha filha Letícia? — Priscila se surpreendeu. Letícia não estava presente e nem havia sido mencionada, a ideia era apresentá-la apenas durante o almoço.

— Sim, já nos encontramos algumas vezes. — Respondeu Vitória, sorridente.

“Algumas vezes. Pois foi justamente a sua filha quem me arrancou meio milhão, e seu filho quem me jogou dez dias atrás das grades.”