Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 687

— Certo, então vou morar na sua casa por um tempo. — Disse Letícia. — A Vitória ainda não viajou para o exterior. E se aquela maluca resolver se vingar de você antes de ir embora? Por isso vou me encarregar de te levar e buscar do trabalho. ~

— Não precisa de tanto, de verdade. — Respondeu Beatriz. — A família Cardoso ainda tem gente aqui no Brasil, inclusive o irmão dela. Hoje mesmo assinamos o documento, então com certeza vão mantê-la sob vigilância.

— Eu realmente não tenho mais nada a temer. Obrigada pela preocupação, mas não precisa me tratar de forma especial. — Concluiu com um leve sorriso.

Diante da firmeza da amiga, Letícia não insistiu mais. Pouco depois, saiu do quarto ao lado de Leonardo.

No elevador.

— Você e a Beatriz têm mesmo uma relação muito próxima, hein? — Comentou Leonardo.

— Sim. Ela é a única amiga que não se apoia em interesses para manter nossa ligação. Com ela, tudo é leve, espontâneo. — Respondeu Letícia.

Leonardo refletiu em silêncio e disse:

— Talvez porque vocês pertençam a círculos sociais diferentes. Não existe uma relação de troca de interesses. Mas, para você, isso não deixa de ser uma espécie de compatibilidade para baixo. Já para Beatriz, é uma vantagem, porque ela acaba recebendo apoio.

No fim das contas, ele mesmo, Eduardo e tantos outros só haviam ajudado Beatriz por causa de Letícia.

Se não fosse assim, talvez, depois do divórcio, ele jamais teria mantido contato com ela.

— Eu não vejo dessa forma. — Retrucou Letícia com seriedade. — A única coisa em que Beatriz fica atrás de mim é na questão da origem familiar. Em todo o resto, ela é brilhante. Se, no ano em que se formou, não tivesse se casado com Gabriel, teria entrado em uma grande empresa pelo processo seletivo. Em dois anos, já estaria, sem dúvida, entre os jovens talentos do mundo corporativo.

— Na verdade, fui eu quem tomou a iniciativa de me aproximar dela. — Continuou Letícia. — Porque a Beatriz é muito sincera. Por fora parece fria, mas por dentro é calorosa. Uma amizade verdadeira não precisa ser medida em termos de interesse ou valor. Além do mais, a Beatriz não depende de mim para nada. Quando eu a ajudo, ela faz questão de não ficar em dívida. É uma pessoa que sabe distinguir as coisas, nunca tenta tirar vantagem.

Ao ouvir esse discurso tão firme, Leonardo acabou compreendendo melhor a amiga da outra.

— Meu irmão não chegou a comentar? — Prosseguiu Letícia. — Ele deu de presente um perfume para a Beatriz, mas depois ela devolveu o gesto com um par de abotoaduras de safira, de valor semelhante.

Naquele momento, em um provador de um shopping.

Vitória havia entrado com algumas roupas, mas usava a desculpa para tirar do bolso o celular e um chip diferente.

Inseriu o chip e discou o número de Vinícius.

Na última conversa, tinham combinado de não se falar mais até que o serviço fosse concluído. Mas ela não aguentava a ansiedade e queria saber em que pé estava.

Com Renato por perto, não tinha como perguntar nada sobre Beatriz. A polícia já desconfiava dela, e qualquer investigação pessoal seria pedir para se incriminar.

Mal saía do hotel, consciente de que estava sendo vigiada em segredo.

Mas ali não havia problema: em um provador feminino, a polícia não tinha como entrar.