Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 694

— E, de acordo com o contrato assinado na época, foi a própria Vitória quem rompeu o acordo. Ela deve pagar a multa. Ou será que a senhora pretende quitar por ela? — Disse o gerente Enzo, com um sorriso insinuante.

A secretária manteve o rosto impassível e respondeu:

— Justamente por isso estou aqui.

Desde o início, quando o Sr. Renato investigou o caso da Vitória, descobriu essa cláusula da multa contratual. Mas também ficou claro que foi Gabriel quem armou toda a situação. Por isso, jamais consideraríamos válido esse valor, e simplesmente ignoramos.

E agora, essa empresa ainda tinha a audácia de cobrar? Será que achavam mesmo que a Srta. Vitória era alguém sem respaldo, fácil de pisar?

Enzo, no entanto, não captou a verdadeira frieza por trás do olhar da secretária. Pensou apenas que ela estava irritada porque as modelos haviam provocado Vitória.

E quando percebeu que a secretária vinha disposta a resolver a multa, seus olhos até brilharam. Estendeu o braço, fazendo um gesto convidativo, e disse com falsa cordialidade:

— Por aqui, por favor. Vamos conversar melhor na sala de reuniões.

Mas a secretária não se moveu. Limitou-se a repetir o mesmo gesto de cortesia, só que voltado para Vitória.

Foi ela quem deu o primeiro passo, avançando à frente, enquanto Karine a seguia meio passo atrás.

A cena deixou Enzo momentaneamente atônito.

“Essa estrangeira é diferente mesmo... Trata uma amante como se fosse dama de respeito. Ah, claro, etiqueta ocidental...” pensou, convencido da própria interpretação.

E, como não podia faltar o puxa-saquismo, logo comentou com um sorriso bajulador:

— Srta. Karine, é visível como você gosta da Vitória. Dá para notar o quanto a valoriza!

A secretária piscou, surpresa.

Vitória lançou um olhar de soslaio, mas não se apressou em esclarecer.

Então Karine respondeu, firme, cada palavra como um golpe:

— Peço que escolha melhor suas palavras. Eu de fato estimo muito a Srta. Vitória, porque ela é irmã legítima do nosso Sr. Renato. E eu sou a secretária dele.

As frases caíram como bombas. O cérebro de Enzo girava, atordoado, processando cada revelação.

Primeiro: a estrangeiro era apenas um secretário.

Segundo: esse Sr. Renato... Quem seria afinal?

Em circunstâncias normais, aquilo não precisaria ser mencionado. Mas ela fez questão de destacar e o tom não deixava dúvidas: era uma ênfase calculada.

Enzo captou a mensagem na hora. E, no coração, o espanto começou a se transformar em temor.

"Um chefe que conduzia reuniões internacionais, com todas as áreas da empresa lhe prestando contas... Que nível de poder era esse?"

Conduzindo o grupo para a sala de reuniões, Enzo tentava manter a compostura.

Nos corredores, as modelos que antes haviam se juntado para humilhar Vitória agora se encolhiam contra as paredes, abrindo caminho, os olhos fixos na cena.

Pouco antes, Vitória tinha sido empurrada ao centro das atenções, alvo de zombarias cruéis. Mas agora, cercada de respeito, parecia brilhar como nunca. Aquela postura altiva dela arrancava inveja e ódio em doses iguais.

Assim que Vitória desapareceu no andar de cima, as vozes baixas começaram a pipocar entre as modelos:

— Afinal, que Renato é esse? Vocês já ouviram falar de algum magnata com esse nome no alto escalão?

— Meu Deus... E ainda por cima é irmão dela. Se resolver se vingar de nós, estamos perdidas!

— E pensa no tanto de humilhação que jogamos em cima dela! Uma mulher como Vitória guarda rancor até o fim da vida...