Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 724

Claro que era só um pensamento passageiro. Na hora do almoço de verdade, Eduardo não teria coragem de aparecer para se servir. Afinal, Beatriz mal tinha saído do hospital, ainda estava em recuperação, até recebera soro nutritivo.

— E a saúde da Beatriz, como está? — Perguntou Eduardo, quase sem pensar. — Cozinhar também exige energia.

— Ela parece bem melhor, com muito mais disposição. Ontem mesmo já trabalhou o dia inteiro. — Respondeu Letícia.

— Tão rápido assim? — Eduardo franziu o cenho. — Por que ela não descansa mais alguns dias? Ela não precisa daquele salário. A indenização que Renato deu é suficiente para garantir o sustento dela pelo resto da vida.

— Eu disse a mesma coisa, mas ela insistiu em voltar. Não entendo o que aquele empreguinho tem de especial para ela se dedicar tanto. Já a convidei para vir trabalhar comigo no Grupo Martins, mas ela não quis. — Letícia suspirou.

Eduardo ficou em silêncio. Também não conseguia entender por que Beatriz trabalhava com tanta determinação. Qualquer outra pessoa, no lugar dela, teria simplesmente aproveitado para descansar.

Nos dias seguintes, Beatriz manteve a rotina: ia ao trabalho normalmente e, à noite, passava no mercado para comprar ingredientes e preparar a janta para Letícia.

Gabriel, de fato, nunca mais apareceu, e nenhum perigo voltou a rondá-la. Era como se a vida tivesse se tornado tranquila e segura de repente.

Naquele momento, Letícia saboreava a sobremesa. O cardápio que Beatriz preparava para ela era nutritivo e variado, além de delicioso.

Tão delicioso que, sem perceber, Letícia havia engordado um quilo nesses dias.

Beatriz riu quando ela comentou:

— Só um quilo... Nem dá pra notar.

— Como não? Já tem até gordura na minha barriga! — Letícia reclamou, apertando a cintura.

— Está ótimo. Só aparece mesmo quando você se senta. — Respondeu Beatriz, tentando tranquilizá-la.

Letícia resmungava sobre o peso, mas não deixou de terminar toda a sobremesa. Depois, largou-se satisfeita no sofá e suspirou:

— Bia, falando sério... Quer saber? Eu bem que podia me casar com você. Esses dias foram os mais felizes da minha vida.

Beatriz recolheu os pratos, sorrindo.

— Fechado. A gente vai para o exterior e registra nosso casamento lá.

Beatriz a acompanhou até a portaria do condomínio. Quando ia seguir adiante, Letícia a deteve:

— Já chega, Bia. Volta pra casa. O perigo está em todo lugar. Olha lá, aquele carro prateado é do Renato. Ele já veio me buscar. — Disse ela, apontando.

Beatriz olhou e realmente havia um carro de luxo prateado parado na rua. Não reconheceu o modelo, mas sua intuição dizia que era caríssimo.

— Acho que agora não há tanto perigo. Vou te acompanhar até a calçada. — Sugeriu Beatriz.

De fato, aqueles dias tinham sido muito tranquilos, e ela percebera que a segurança do condomínio havia aumentado bastante. Os porteiros tinham sido todos trocados, e de tempos em tempos apareciam dois ou três rapazes fortes, uniformizados, patrulhando o local.

— Não precisa, vai. Eu volto mais tarde, não é uma despedida. — Letícia disse, estendendo a mão para impedi-la.

Sem alternativa, Beatriz ficou parada e observou a amiga se afastar. Só quando a viu entrar no carro é que se virou para voltar.

Na calçada, enquanto as duas ainda se despediam, Renato virou o rosto e lançou um olhar. Reconheceu Letícia de imediato, mas a outra, magrinha e de estatura baixa... Quem seria?