Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 774

Quando as duas meninas recuaram, apavoradas, até a porta de um quarto, foi Vitória quem a abriu.

Beatriz se virou para entrar junto, mas a porta foi fechada por dentro e trancada na mesma hora.

Ela bateu desesperada, o coração disparado, enquanto o homem se aproximava cada vez mais.

Beatriz pensava que ele iria agredi-la. Mas, de repente, ele levantou a barra da blusa dela e enfiou a mão por baixo.

Naquele instante, ela entendeu o que ele queria fazer. Um terror ainda maior a tomou, e gritou por Vitória, pedindo que abrisse a porta. Mas, do outro lado, não veio resposta alguma.

Beatriz não teve escolha senão correr pela sala, tentando escapar, derrubando objetos para se defender, enquanto sacava o celular e ligava para a polícia.

Sem saber quando a polícia chegaria, fez às pressas uma ligação de voz. Em seguida, correu para um quarto e trancou a porta por dentro.

Do lado de fora, o homem esmurrava a porta com violência, xingando sem parar.

Beatriz tremia, os olhos fechados, agarrando o celular com as duas mãos.

Quando acreditava que conseguiria resistir até a chegada da polícia, escutou o barulho dos passos se afastando... E, logo em seguida, o tilintar de uma chave tentando abrir a fechadura.

O rosto dela já estava coberto de lágrimas. Apavorada, subiu no parapeito da janela: se ele entrasse à força, ela se jogaria do quinto andar.

Mas, antes que a porta fosse aberta, ouviu um gemido abafado e, em seguida, o grito de dor do homem.

A porta foi arrombada com um chute.

Quem entrou foi Gabriel.

O rapaz estava suado, os olhos cheios de fúria.

Ele viu Beatriz sentada no parapeito, o rosto marcado pelas lágrimas. Até aquele momento, a ligação entre os dois sempre fora unilateral.

Só então Gabriel compreendeu que aquela pessoa que sempre o apoiara, que sempre o incentivara, era...

— Gabriel! Você finalmente chegou!

Beatriz despertou bruscamente, voltando das lembranças para a realidade.

Ficou alguns instantes atônita: no sonho e na vida real, fora Gabriel quem a salvara.

“No ensino médio, quando percebi que Gabriel gostava de Vitória, eu deveria ter desistido daquele sentimento... Mas, por causa daquela entrada dele, com um chute na porta, surgindo como um deus protetor para me defender no momento de maior desespero, mantive meu amor secreto por quase dez anos, inabalável.”

Na vida real, jamais imaginara que ainda se envolveria com Gabriel por mais dois anos, uma relação cheia de feridas e mágoas.

Mas, agora, ele a tinha salvado outra vez...

Beatriz respirou fundo, voltando a si, com uma sensação indescritivelmente complexa. No entanto, sabia de uma coisa: não queria continuar em dívida com Gabriel.

Naquela tarde, enquanto trabalhava, contou tudo à amiga Letícia.

A reação dela foi, primeiro, de choque e preocupação. Perguntou várias vezes se Beatriz estava bem. Só depois, enfim, respondeu:

[Quando o Gabriel acordar, agradeça a ele. Dinheiro ele com certeza não precisa.]