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Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 784

Durante dois anos inteiros, ele pôde comer aquela comida todos os dias. Agora, aquilo se tornara um luxo, algo que só conseguia provar novamente estando doente.

Os pratos eram leves e fáceis de digerir. O peixe, macio e sem espinhas, não tinha qualquer traço de gosto forte, apenas o frescor puro de sua carne.

A sopa, clara e translúcida, trazia o equilíbrio perfeito entre carne e legumes, preservando ao máximo o sabor natural dos ingredientes.

Enquanto comia, Gabriel fungava discretamente. Não se arrependia nem um pouco de ter se colocado no caminho do desastre para proteger Beatriz. Pelo contrário: naquele momento, a comida que recebia era como um presente inesperado, um doce consolo que o enchia de emoção e alegria.

O quarto permanecia em silêncio. Ninguém dizia uma palavra.

O Sr. Henrique observava Gabriel, um homem adulto, chorar sem pudor enquanto comia, e achava aquilo de uma fraqueza absurda. Mas não o repreendeu.

No fundo, pensava: “Se, no passado, ele tivesse mostrado a Beatriz um pouco mais de gentileza, não estaria hoje reduzido a essa situação.”

No fim, alguém que dizia não ter apetite acabou devorando tudo: a tigela de mingau, o prato de peixe e a sopa inteira. E ainda ficou com a sensação de não ter se saciado, como se o gosto permanecesse ecoando, pedindo por mais.

Enquanto Rafael recolhia os recipientes da marmita térmica, Gabriel hesitou, mas acabou perguntando:

— Beatriz… Ela mandou algum recado para mim?

Antes que Rafael pudesse responder, o Sr. Henrique resmungou, impaciente:

— Não basta ter trazido comida? Ainda quer mais? Que ganância.

Gabriel abaixou a cabeça, tomado pela tristeza.

Sim, só de Beatriz ter preparado aquela refeição já era motivo suficiente para chorar de gratidão. Como ousaria exigir mais do que isso?

— Eu não quis interromper enquanto o senhor comia, já que estava com tanto apetite… Mas, de fato, a Srta. Beatriz pediu que eu transmitisse uma mensagem. — Disse Rafael.

Num instante, Gabriel ergueu os olhos, cheio de esperança.

Rafael, ao ver aquele brilho intenso, pensou consigo mesmo: “Quanto maior a expectativa, maior seria a decepção. No fim, era apenas uma frase simples, nada além disso.”

— A Srta. Beatriz pediu que eu agradecesse, em nome dela, por ter salvado sua vida. — Disse Rafael.

Gabriel continuou olhando para Rafael, esperando que ele dissesse mais alguma coisa.

— O senhor me prometeu que, se eu me afastasse de Beatriz, iria protegê-la, que não deixaria a família Cardoso pôr as mãos nela.

— E não quebrei minha palavra. Os pais da família Cardoso já estão de volta. Se for comprovado que a culpada foi mesmo a Vitória, pode ter certeza de que não vai ficar impune. — Garantiu o Sr. Henrique.

Ao ouvir essa promessa, Gabriel finalmente relaxou um pouco.

Depois que o avô se retirou, o quarto ficou em silêncio, só restando ele ali.

Vitória… Era a principal suspeita. Principalmente porque Renato ainda a protegia, alimentando sua arrogância desmedida.

Mas por que ela queria tanto a morte de Beatriz? Apenas porque transformara amor em ódio? Então que viesse contra ele, Gabriel, e não contra ela!

Apertou os punhos com força.

Vitória se mostrava de uma maldade insuportável. Gabriel não conseguia entender como, um dia, havia se deixado encantar por ela.

A mudança em sua personalidade fora tão drástica… Ou será que, na verdade, aquela doçura de antes não passava de uma máscara bem construída?

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