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Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 783

— Por isso eu disse que você deveria ter assumido a liderança do grupo desde o começo. A natureza humana é assim: todos respeitam os fortes e abusam dos que parecem fracos. Ou, no mínimo, você deveria ter mostrado logo de cara que não era alguém fácil de provocar. — Comentou Murilo.

— Eu só pensei que, sendo novata, se mostrasse um temperamento mais dócil, conseguiria me integrar mais rápido ao time. Quem diria que paciência só traria mais humilhação? — Beatriz suspirou levemente.

— Esse é o lado cruel do ambiente corporativo. — Respondeu Murilo. — Quanto mais competente você for, mais firme deve ser também. É assim que os outros passam a medir suas atitudes diante de você. Criar uma imagem é fundamental. A primeira impressão que você transmite é decisiva.

Beatriz ouviu as palavras do chefe e concordou em silêncio. De qualquer forma, sabia que dali em diante não seria mais vista como alguém fácil de manipular.

— Ainda assim, você não foi ao extremo. Se quisesse mesmo, poderia ter recusado a mediação e exigido uma indenização por danos morais. — Disse Murilo com um sorriso.

Beatriz não respondeu. Guardar um mínimo de clemência era sua maior demonstração de bondade. Com isso, aquelas pessoas dificilmente ousariam aprontar de novo.

Antes do fim do expediente, houve uma reunião geral do departamento.

Beatriz compartilhou a experiência de ter conquistado o projeto da HG, incentivando todos a valorizarem a inovação.

Os modelos do passado eram, sem dúvida, referências importantes, mas, num mundo que muda a cada instante, a verdadeira lei eterna era a de renovar-se.

Ela apresentou sua visão, mostrou suas pesquisas e diferentes análises.

Todos do departamento de design a ouviram com atenção e, no fim, não restavam dúvidas: ninguém mais ousaria questionar que aquele projeto havia sido realmente feito por ela.

A reunião terminou, e o expediente também chegava ao fim.

Letícia apareceu para buscá-la e, nesse momento, Beatriz recebeu a ligação de Rafael: Gabriel havia acordado.

— Você vai ao hospital? — Perguntou Letícia.

Beatriz apertou levemente os lábios e respondeu:

— Acho que não. Vou pedir ao Rafael que leve meus agradecimentos.

Ela não sabia como encarar Gabriel. Se se encontrassem, não haveria palavras, apenas silêncio.

Sentia gratidão, mas não tinha vontade de vê-lo.

Ao chegar em casa…

Mal as palavras saíram de sua boca, Gabriel virou-se bruscamente e o encarou:

— Você disse que foi a Beatriz quem preparou?

Rafael assentiu.

— Assim que o senhor acordou, eu a avisei. A Srta. Beatriz pediu que eu trouxesse esse mingau e os acompanhamentos para o senhor.

Imediatamente, Gabriel tentou se levantar, com esforço. Rafael correu para ajudá-lo, ajustando a cabeceira da cama e trazendo a mesinha de apoio.

Ao lado, o Sr. Henrique observava em silêncio.

Só mesmo Beatriz tinha esse poder: a comida feita pela pessoa amada foi suficiente para transformar um doente abatido em alguém que, de repente, encontrava forças para se erguer.

Rafael retirou os recipientes e os colocou diante dele. Havia mingau de milho-miúdo, filé de linguado cozido no vapor, sem espinhas, e uma sopa de abóbora com carne moída.

Gabriel olhou para a refeição, pegou a tigela e levou uma colherada à boca. Assim que o sabor suave lhe preencheu o paladar, seus olhos marejaram sem que pudesse evitar.

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