Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 80

Beatriz estava simplesmente sem palavras. Ter se casado e vivido por dois anos com uma pessoa como aquela? Só de pensar, já sentia vergonha alheia.

— Bia, tá tudo bem aí? — Letícia voltou com as cervejas e encontrou a amiga revirando os olhos, com aquela expressão clássica de “não aguento mais esse circo.”

— Tudo certo. Só me irritei com um vendedor idiota. — Respondeu Beatriz, com um sorriso sereno.

Mas era mentira.

Ela sabia que tinha sido burrice da própria parte ter lido todas aquelas mensagens de Gabriel. Se já o tinha bloqueado, não devia nem ter dado esse gostinho de atenção.

— Eu disse que devia ter deixado eu dar uma resposta bem dada pra esse otário. — Disse Letícia, sentando-se novamente. — Mas você, sempre boazinha, teve pena.

— Eu bloqueei, sim. Só que mesmo bloqueado... Eu ainda fiquei com raiva depois de ver o que ele mandou.

As duas brindaram e continuaram a comer. Beatriz jogou o celular de lado no sofá, sem nem olhar mais para ele.

Seu desprezo silencioso contrastava completamente com o estado de Gabriel, que, do outro lado da cidade, parecia à beira de um colapso.

— Muito bem, Beatriz! — Rugia ele, andando de um lado pro outro feito fera enjaulada. — Acha que eu estou blefando?! Acha que eu, Gabriel, sou qualquer um?!

Furioso pela falta de resposta, pegou o celular e ligou imediatamente para Rafael.

Do outro lado da linha, Rafael ouviu o rugido do tiranossauro-rex surtando. Quando a ligação terminou, ficou encarando o telefone como se falasse com ele:

— Bem-feito. Cavou a própria cova e agora tá aí, surtando porque a esposa foi embora.

Suspirou e abriu o chat com Beatriz. Tentou mandar uma mensagem educada, algo simples.

Mas... Um belo ponto de exclamação vermelho apareceu na tela.

Telefone? Inacessível.

Redes sociais? Todos os perfis dela tinham excluído Gabriel e ele junto.

Foi aí que Rafael sentiu aquele pressentimento ruim no peito.

Beatriz estava falando sério dessa vez.

Sem brincadeira.

Sem volta.

Ele passou a enviar mensagens para o Sr. Gabriel, perguntando detalhes específicos sobre o horário em que Beatriz havia deixado a casa, tentando montar uma linha do tempo para filtrar melhor as buscas.

Ficou nisso até quase onze da noite, ainda no escritório, fazendo hora extra, e mesmo assim, nada.

Nenhuma pista. Nenhum sinal dela.

Como uma marionete sem fio. Como se a alma tivesse abandonado o corpo.

— O que aconteceu, Gabi? Você tá me assustando… — Disse ela, agora genuinamente preocupada.

Gabriel, enfim, pareceu voltar à realidade. Quando reconheceu quem estava à sua frente, agarrou o braço de Vitória com força, como se ela fosse a última tábua de salvação.

Começou a bombardear perguntas, transtornado:

— Você é amiga da Beatriz! Você sabe onde ela tá, sabe sim! Onde foi morar? Qual o novo número dela? Você tá em contato com ela, não tá?! Aquele veterano... Você conhece ele? COMO ele se chama?! Eu vou fazer ele apodrecer na cadeia, JURO POR DEUS!

A raiva fervia em cada palavra. A mandíbula travada. A voz, um fio tenso de fúria.

Vitória mal teve tempo de processar o que estava acontecendo. Mas uma coisa ficou clara, Gabriel já sabia. Beatriz tinha ido embora.

Será que ele também viu os papéis do divórcio?

— Gabi… Você tá me machucando… — Sussurrou ela, com a voz embargada.

E não era força de expressão. Gabriel apertava com tanta força que parecia querer esmagar os ossos dela.

Ao ouvir isso, ele piscou, como quem acorda de um transe. Soltou-a imediatamente.

— Me desculpa, Vi… Eu... Eu me exaltei… — Murmurou, o olhar perdido, confuso, como se nem soubesse direito o que estava fazendo.

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