Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 801

A desconfiança de Renato era pesada demais. Se Luciano e Lorena contassem que tinham visto Beatriz naquela noite, ele certamente investigaria a fundo.

Amanhã... Amanhã ela faria a doação do dinheiro, para que eles agissem o quanto antes.

O baile terminou às onze da noite. Os convidados se dispersaram e as luzes se apagaram.

— Estou exausta. Sinto que meus pés não aguentam mais, e meu rosto está duro de tanto sorrir. — Disse Letícia, cansada, ao se acomodar no carro.

— Daqui a pouco peço para a empregada preparar água quente e fazer uma massagem em você. — Respondeu Priscila com um sorriso.

— Ele falou mais alguma coisa com o Renato depois? — Perguntou, em seguida.

— Não. — Respondeu Letícia de forma apática.

Priscila, surpresa, comentou:

— Estranho. Ele mesmo fez questão de convidar você para dançar a primeira valsa. Ele não pode desconhecer o significado disso.

— Ah, mas em que século estamos? Dança de abertura não é promessa de casamento. — Resmungou Letícia, sem paciência.

— Mas, então, por que será que ele a convidou? — Eduardo entrou na conversa.

— Não sei. — Disse Letícia.

Ela fez uma breve pausa, pois, de repente, pareceu compreender o motivo. Renato queria informações sobre Beatriz. Fizera perguntas detalhadas, como se conduzisse um censo populacional.

Embora tivesse dito que não tinha outras intenções, Letícia não conseguia acreditar.

Se não tinha, então por que perguntar tanto? Quem faria uma investigação tão minuciosa sem motivo?

Ela se sentiu um pouco culpada, o coração apertado. Traíra Beatriz ao revelar detalhes de sua vida.

— Talvez ele seja apenas reservado, com vergonha de conversar depois com sua irmã. — Priscila aproveitou a deixa e comentou com Eduardo.

Sim, as leis eram rígidas... Mas poder e dinheiro sempre pesavam mais que a justiça. O que a família Cardoso não conseguiria encobrir?

E aquela pergunta, se ela era órfã ou não, só podia ter sido para medir se tinha algum respaldo familiar. Afinal, alguém sem proteção era muito mais fácil de eliminar.

Beatriz pensava assim: a ameaça estava tão próxima quanto uma lâmina suspensa sobre sua cabeça, mas, ainda assim, seu coração permanecia surpreendentemente tranquilo.

“Não sei se é porque já passei por tantas situações que acabei ficando entorpecida, ou porque, diante de uma vida tão frágil quanto a de uma formiga, lutar contra o poder é simplesmente inútil... E, portanto, não há razão para me importar.”

No fim das contas, pouco importava estar no país ou fora dele. Se alguém decidisse matá-la, não adiantaria fugir nem para os confins do mundo.

— Bia? Bia? Você está ocupada com outra coisa? — A voz de Letícia soou preocupada, ao perceber o silêncio do outro lado da linha.

— Não... — Respondeu Beatriz, voltando a si.

— Não fica tão nervosa. No sequestro, os seguranças conseguiram te salvar, lembra? E no acidente, Gabriel se colocou na sua frente. Por isso você está bem, ilesa. — Letícia tentou consolá-la.