Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 844

E desta vez não foi diferente.

Renato pensava: se tivesse usado mais força ao interceptar o carro do inimigo, se a batida tivesse sido ainda mais violenta, Beatriz provavelmente teria perdido a vida ali mesmo.

Dizia-se que até uma pessoa robusta, depois de passar pela beira da morte, voltava com quarenta quilos a menos. E Beatriz, que já estava absurdamente magra, só não foi levada de vez pelo destino porque médicos e equipamentos a arrancaram das mãos da morte.

— Minha filha... Por que o destino foi tão cruel com você? — Choramingou Lorena, a voz embargada.

Luciano a envolveu pelos ombros, tentando lhe dar algum amparo.

— Pai, mãe... Já são uma e meia da manhã. Voltem para o hotel descansar. Eu fico aqui cuidando dela. — Sugeriu Renato, virando-se para eles.

— Não vamos voltar. Como poderíamos dormir enquanto sua irmã está ali, deitada naquela cama? — Retrucou Luciano, firme.

Renato não insistiu mais. Pediu apenas que reservassem quartos em um hotel próximo, para que estivessem preparados caso fosse necessário.

O corredor estava silencioso, só interrompido pelos soluços de Lorena.

Renato se afastou um pouco, até a grade do final do corredor, para fazer uma ligação e acompanhar o progresso da caçada aos culpados. Também determinou que mais homens ficassem de guarda no hospital.

Ao ser informado de que o diretor do orfanato já havia fugido e que ainda não havia rastros dele, nem de Vitória, sua voz gelou:

— Continuem procurando. Nem que seja preciso revirar cada canto do planeta. Quero os dois capturados e condenados à morte.

O tom saiu carregado de ódio, cada palavra mordida entre os dentes, como se quisesse devorar aqueles dois monstros vivos.

Mal desligara, o celular tocou novamente: era sua secretária.

— Chefe! Os resultados saíram, estou a caminho do hotel. — Anunciou ela, a voz exaltada. — Preciso lhe contar que...

— Não precisa. Eu já sei. — Interrompeu Renato com calma.

Houve um silêncio de surpresa do outro lado da linha.

— Beatriz é minha irmã de sangue. Já ordenei uma caçada internacional atrás da Vitória e do diretor do orfanato. — Completou ele.

— Mandei mensagem pra ela e não tive resposta. — Explicou Eduardo.

Na verdade, havia algo que não saía da sua cabeça. Beatriz pedira para sua irmã entregar-lhe um relógio de luxo, caríssimo, e dissera que, a partir daquele momento, estavam quites. Aquilo o deixara intrigado.

Até duas semanas atrás, ela ainda cozinhava para ele sem reclamar... Será que simplesmente se cansou? Mas, se fosse apenas isso, não haveria motivo para presenteá-lo. Afinal, ele mesmo sabia que era um aproveitador, se enfiando nas refeições dela sem cerimônia.

Na noite anterior, insistira em perguntar por que ela havia feito aquilo, mas Beatriz não respondeu. Depois, ele dissera que devolveria o presente e, ainda assim, silêncio absoluto.

Agora já era manhã. Em tese, ela deveria ter acordado, mas ainda nenhuma resposta.

— Ontem à noite não cheguei a conversar com a Bia depois. Não sei a que horas ela foi dormir. — Comentou Letícia, pensativa.

Depois, virou o rosto para o irmão, um leve sorriso se formando nos lábios:

— Mas... Você já pensou em outra possibilidade?

Eduardo a encarou, confuso, esperando que ela explicasse...