Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 847

Eduardo permaneceu parado, mas não voltou a discutir com a mãe. Sentia que, naquele momento, ela já estava fora de si, irracional e obcecada.

Que absurdo era aquele? Primeiro, insistia para que Letícia ficasse de bem com Vitória. Depois, dizia que ele e Beatriz jamais poderiam ficar juntos.

Entre ele e Beatriz, na verdade, não havia absolutamente nada.

Eduardo fechou os punhos e seguiu em direção à estrada que levava para fora da mansão. Porém, conforme caminhava, as palavras da mãe ecoavam em sua mente, despertando nele uma irritação cada vez mais sufocante.

Ele não sabia dizer se o que o incomodava era a desconfiança infundada dela, ou a ganância desmedida, ou se…

De repente, a imagem de Beatriz surgiu diante dos olhos.

O sorriso educado, o distanciamento frio, o olhar indiferente que parecia enxergar o mundo com desdém… E também a lembrança dela deitada no leito do hospital, frágil, pálida, quase sem vida.

Uma onda de inquietação tomou conta dele. E piorava ao lembrar que, da noite passada até aquela manhã, Beatriz não havia respondido nenhuma de suas mensagens.

Pior ainda: ela o tinha dado um relógio, dizendo que, a partir dali, estariam quites.

Chegando perto do carro, o motorista já tinha aberto a porta. Ele estava prestes a entrar quando Letícia saiu da garagem dirigindo o próprio carro.

Mas ela vinha falando ao telefone e, de repente, ao ouvir algo do outro lado da linha, pisou bruscamente no freio.

— O quê você disse?! A Beatriz foi sequestrada de novo?! E agora está no hospital, entre a vida e a morte?!

Ao ouvir aquilo, o coração de Eduardo disparou. Ele imediatamente saiu do carro e correu até o veículo da irmã.

— Quando aconteceu isso?! Em qual hospital ela está?! — Perguntou, agarrando a janela, sem perceber a ansiedade e o pânico que transpareciam em sua voz.

— No Hospital Vida Nova. — Respondeu Letícia, confirmando com quem falava do outro lado.

Eduardo não perdeu tempo. Foi direto até a porta do carona, abriu-a e entrou.

— Acelera, vamos pra lá agora.

Letícia pisou no acelerador enquanto ele pegava o celular da mão dela e colocava no viva-voz.

Era Rafael quem ligava. Letícia já tinha lhe dito antes que, se algo acontecesse com Beatriz, ele deveria avisá-la imediatamente.

“Como Beatriz conseguia se meter em tantos problemas?

Será que era de propósito? Só para deixar Eduardo preocupado com ela?

Afinal, quem se daria ao trabalho de perseguir tantas vezes uma órfã sem dinheiro, sem nome e sem qualquer valor?”

Fechando o punho, Priscila tomou uma decisão: mandaria investigar. Se suas suspeitas se confirmassem…

Então Beatriz não passava daquela que fingia humildade e inocência apenas para enganá-la pelas costas.

Astuta demais. Uma mulher dessas, capaz até de iludir a ela própria, era óbvio que manteria Eduardo completamente enredado.

Sem nunca admitir um vínculo, ainda assim conseguia fazer com que Eduardo se oferecesse para ajudar, se preocupar, estar sempre ao redor dela. Era como se já tivesse ele na palma da mão.

Priscila já havia confrontado Beatriz uma vez, colocara tudo às claras. Se a garota ainda ousasse continuar se envolvendo com Eduardo, que não a culpasse depois pelos métodos que teria de usar.

Um lampejo de crueldade atravessou o rosto dela. Para se manter firme como a senhora da família Martins, não podia se dar ao luxo de ter coração de santa.