Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 869

Assim que pronunciou aquelas palavras, parecia ter finalmente se libertado da obsessão que a acompanhara desde a infância, como se soltasse de uma vez o fôlego que carregava consigo há tantos anos.

Beatriz fechou os olhos novamente e perdeu a consciência.

Embora a voz tivesse sido fraca, Luciano e Lorena a ouviram claramente. Ver a filha desmaiar de novo fez com que chorassem ainda mais, em desespero absoluto.

— A paciente ainda está muito debilitada. Peço aos familiares que saiam, precisamos iniciar os procedimentos de estabilização. — Disse o médico.

Lorena não queria ir, mas as enfermeiras a ampararam para fora do quarto, enquanto a equipe médica recomeçava os exames e cuidados.

Renato e Luciano recuavam devagar, passo após passo, os olhos fixos no leito até a porta se fechar atrás deles.

Do lado de fora, o casal só pôde se aproximar da janela para olhar, quando Renato perguntou:

— Pai, mãe... O que minha irmã disse?

— Ela perguntou por que nós não a esperávamos debaixo daquela árvore. — Respondeu Luciano, com a voz embargada.

— Então Bia voltou sozinha para lá? Mas não nos viu?

Renato refletiu e respondeu:

— É bem possível. O orfanato onde minha irmã ficou ficava a apenas dez quilômetros do local onde desapareceu. Acho que ela não foi levada pelos traficantes até o fim. Deve ter conseguido fugir no meio do caminho... E então voltou para nos procurar.

Ao ouvir isso, Luciano desabou em lágrimas:

— Nós não fazíamos ideia! Pensamos que ela tinha sido raptada e seguimos rastros por outras cidades, até em outros estados. Jamais imaginamos que ela teria conseguido escapar e voltado sozinha para nos procurar.

Na época, a menina não tinha nem cinco anos. Como podia ter fugido das mãos dos sequestradores? E ainda conseguido encontrar o caminho de volta até o parque dos bordos?

Ele mal ousava imaginar. Aquela criança tão pequena, tendo de ser tão esperta para sobreviver... E, na estrada de volta, quantas dificuldades não deve ter enfrentado?

E, sobretudo... Depois de todo o sofrimento, ao finalmente chegar ao parque, descobriu que seus pais já não estavam mais lá.

O medo e a solidão que ela deve ter sentido naquele instante eram simplesmente inimagináveis.

Mas, naquela vez...

Eles todos a deixaram para trás.

Nesse momento, a porta do quarto se abriu.

Renato passou a mão pelo rosto, virou-se para o médico e perguntou, com a voz rouca:

— Como está minha irmã? Por que acordou e voltou a desmaiar?

— O corpo da paciente ainda está muito debilitado. Sofreu traumas graves, não tem forças para permanecer consciente por muito tempo. Por isso entrou novamente em coma. — Explicou o médico.

— E quando ela vai conseguir despertar de forma estável? — Perguntou Luciano, aflito.

— Talvez à tarde ou à noite. Vamos acompanhar a evolução. — Respondeu o médico. — Felizmente temos as injeções de nutrição avançada que o Sr. Renato trouxe do exterior. Isso fará com que a recuperação dela seja mais rápida do que a de uma pessoa comum.