Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 931

— O senhor não acha que a parte esquerda do rosto está doendo? — Perguntou novamente a secretária.

Renato pressionou a língua contra o lado esquerdo. De fato, doía um pouco.

— Foi o senhor Eduardo quem bateu, mas foi para salvar a irmã dele. — Explicou a secretária.

— Quer dizer então que eu não cheguei a... Com a Letícia? — Perguntou Renato, querendo confirmar pela última vez.

A secretária assentiu com seriedade.

Ao perceber que não tinha caído na armadilha de Vitória e, ao mesmo tempo, que não havia ferido Letícia de forma irreparável, Renato sentiu um grande alívio no coração.

Enquanto ele continuava a se vestir, a secretária acrescentou:

— Além disso, a senhorita Letícia tomou a iniciativa de esclarecer a situação para as duas famílias. O vídeo já foi visto pelas mães de ambos os lados. Sr. Luciano e Sra. Lorena disseram que vão se empenhar totalmente em compensar as perdas da senhorita Letícia.

Renato ouviu em silêncio. Em sua mente, voltava a cena de antes do apagão, quando Letícia tinha entrado em seu quarto.

Ela morava ao lado e, por acaso, percebeu algo estranho. Por isso decidiu entrar para verificar. Insistira várias vezes que não tinha outras intenções.

“Se não fosse por Letícia, eu certamente teria caído nas mãos de Vitória.”

Ao imaginar as possíveis consequências, Renato sentiu uma onda de náusea e repulsa crescer dentro dele.

— Ainda bem que o senhor beijou a senhorita Letícia. Se tivesse sido aquela víbora da Vitória, talvez o senhor nunca mais quisesse encostar os lábios em mulher nenhuma nesta vida. — Comentou a secretária por fim.

No mesmo instante em que terminou a frase, sentiu como se um raio de morte tivesse sido lançado em sua direção. A secretária fechou a boca imediatamente.

Mesmo assim, acreditava ter dito apenas a verdade. A senhorita Letícia, além de bela e generosa, era também grande amiga da senhorita Beatriz.

Leal, franca, de espírito livre e ainda por cima de uma família à altura... Ela achava que combinava muito bem com seu chefe.

Depois de se arrumar, Renato seguiu direto para o hospital. Aproximou-se do leito onde a irmã ainda dormia profundamente. Caminhou em silêncio, os passos leves para não a incomodar.

Parou ao lado da cama, observou-a por alguns instantes e depois conferiu os números nos monitores. Só então se sentiu aliviado o bastante para se virar e sair.

O que ele não sabia era que, no momento em que se virou, a paciente havia acabado de acordar.

— Desculpa... Foi por minha causa, não foi? — Disse Beatriz.

— Como pode pensar uma coisa dessas? Eu já não queria ir mesmo. Fui eu quem decidiu voltar pra casa. — Letícia a interrompeu de pronto.

— Mas se nada tivesse acontecido comigo, você não teria vindo correndo. Então, certamente ainda estaria lá no evento...

Beatriz lembrava do que Eduardo havia comentado: fora Priscila quem pedira a Letícia para ir ao jantar.

Como Letícia não compareceu, Priscila certamente ficaria furiosa com ela.

— Para com isso, Bia. Mesmo que não fosse pra te ver, eu voltaria pra casa de qualquer jeito. — Respondeu Letícia. — E olha, o Renato não foi dopado pela Vitória? Depois de uma situação dessas, percebi que a segurança do lugar era péssima... Então resolvi ir embora.

Beatriz a ouviu em silêncio, fitando a amiga por um instante.

Letícia, então, voltou a dizer:

— Acredite, isso não tem nenhuma relação com você. Por favor, não se culpe.