Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 96

— Então... Quer dizer que tudo era verdade??! — Do outro lado da linha, mesmo tendo ouvido a confirmação, o Sr. Henrique ainda não conseguia acreditar.

— Não só é verdade, tem mais coisa ainda. — Respondeu Rafael, com firmeza. — Vou fazer o seguinte, vou te mandar tudo por mensagem.

Assim que encerrou a chamada, Rafael começou a digitar. Escreveu tudo o que sabia sobre os sofrimentos de Beatriz, incluindo o episódio em que o Sr. Gabriel levou a amante para dentro de casa.

De qualquer forma, agora que os dois já estavam oficialmente divorciados, ele tinha certeza de que o Sr. Henrique continuava do lado de Beatriz e que talvez, só talvez, ele pudesse fazer algo para que ela tivesse um pouco de justiça.

Dentro do carro, o silêncio era quase sufocante. No banco de trás, Gabriel permanecia imóvel, encarando o nada com o olhar perdido.

Ele ainda não conseguia aceitar que realmente havia se divorciado de Beatriz. E, ao mesmo tempo, sua mente remoía uma verdade revelada dois anos atrás.

Foi o avô quem obrigou Beatriz a se casar com ele.

Ela, desde o início, era completamente inocente.

E mesmo assim... Ele a odiou por dois anos inteiros.

Gabriel levou a mão ao rosto, abafando um soluço preso na garganta. Os olhos ardiam, e o peito apertava com um gosto amargo.

Sua mente, como se fosse um filme cruel, começava a repassar tudo o que havia feito com Beatriz nesses dois anos: a maneira autoritária como falava com ela, os comentários sarcásticos e cruéis, as exigências, as ordens frias. Até pouco tempo atrás, ele ainda a fazia trabalhar exaustivamente... E se machucar no processo.

Ele era um monstro. Um verdadeiro monstro.

Mas por quê?

Por que Beatriz nunca contou a verdade? Por que ela simplesmente aceitava tudo calada? Por que se submetia, com humildade e obediência, como se não passasse de uma criada? Sempre tão respeitosa, tão submissa... Como se tivesse sido feita para ser maltratada por ele.

E então, no meio desse mar de perguntas, a resposta finalmente se formou em sua mente.

Uma resposta simples, dolorosa e clara como a luz do dia:

Beatriz gostava dele.

Ela nunca escondeu o quanto gostava dele.

Estava tudo ali, escancarado nos olhos dela, tão cheios de sentimento, que pareciam prestes a transbordar.

Foi por gostar tanto que ela conseguiu suportar se humilhar daquele jeito, tentando agradá-lo a qualquer custo.

Mas e ele...

Ele, mimado pelo afeto dela, pisoteou seus sentimentos por dois anos inteiros.

Mas naquele momento, isso pouco importava.

Ele apertou o celular com força. A voz saiu desesperada:

— Vô! Eu não quero o divórcio! Aquela assinatura não é minha, eu juro! Por favor... Por tudo o que é mais sagrado, rasga aquele papel! Rasga, eu estou implorando...

Sua voz estava embargada, quase chorando, carregada de arrependimento e desespero.

Na noite passada, ele ainda se recusava a admitir que amava Beatriz.

No máximo, aceitava que não queria perdê-la.

Mas agora... Naquele instante...

Ele sabia.

Ele sabia com todas as células do corpo.

Ele não podia viver sem Beatriz.

Ele a amava. De verdade.