Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 99

Na mesma hora, todos na sala entenderam o recado por trás da fala de Daniel.

Um dos entrevistadores se adiantou com um sorriso diplomático:

— A Srta. Beatriz tem uma base técnica muito sólida, além de já ter liderado equipes em várias competições universitárias. Acredito que seria uma excelente candidata ao cargo de diretora de design.

Beatriz ouviu com atenção e apertou levemente os lábios. Depois, virou o rosto na direção de Daniel e disse com firmeza:

— Desculpa, mas acho que meu nível ainda não é suficiente para isso. Ficaria muito grata se pudesse começar como designer da equipe. Um cargo normal já está ótimo.

A sala ficou em silêncio por um segundo. Os entrevistadores se entreolharam, claramente surpresos com a recusa.

— Agradeço muito o voto de confiança de vocês. — Continuou Beatriz, com um sorriso calmo. — Mas as competições na universidade eram em grupo. O responsável principal era o próprio Sr. Daniel. Eu só atuava como apoio, então não posso me apropriar de méritos que não são meus. Sei bem onde estão minhas limitações. Essa é minha primeira experiência no mercado. Ainda tenho muito o que aprender, principalmente no quesito liderança. Se for pra crescer, quero começar do início pela base.

As palavras dela foram recebidas com respeito. Os entrevistadores passaram a admirá-la ainda mais, encantados com sua honestidade e humildade.

E, quase instintivamente, todos voltaram o olhar para o Sr. Daniel, que estava sentado ao lado, com uma expressão visivelmente contrariada.

Antes que dissesse qualquer coisa, Beatriz se antecipou e falou diretamente com ele:

— Daniel, você esqueceu o que te pedi no começo? Nada de cargos altos logo de cara, lembra?

Eu sei que sua intenção é boa, mas isso me deixa com ainda mais pressão.

Daniel encontrou nos olhos dela um pedido sincero. Respirou fundo, rendido, e respondeu:

— Tá certo... Vamos fazer como você quer. Começa na base, e depois a gente vai avaliando a sua subida.

Beatriz devolveu a ele um sorriso agradecido e voltou a focar nos entrevistadores, dando sequência às etapas finais da entrevista.

Quando chegaram na parte da negociação salarial, Daniel se intrometeu de novo. Achou absurdo oferecerem um salário-base de dez mil. Na mesma hora, disse que deviam começar com vinte.

Os entrevistadores engoliram seco. Ninguém ousou discordar do chefe.

Mas, para surpresa de todos, Beatriz foi quem se pronunciou:

— Podemos ajustar esse valor para menos? — Ela explicou com tranquilidade. — Eu pesquisei os padrões salariais do mercado. Hoje em dia, o número de formados aumentou bastante, e a concorrência é grande. Dez mil é uma média justa para recém-formados. No meu caso, ainda fiquei dois anos parada. Pra mim, está ótimo.

— Beatriz... Você veio trabalhar ou sofrer? — Daniel suspirou, meio rindo, meio frustrado. — Te oferecem o cargo de diretora, você recusa. Te dão um salário bom, você quer diminuir...

— Daniel, eu agradeço de verdade a sua boa vontade. — Respondeu Beatriz, com um sorriso leve. — Mas quero seguir o caminho normal, como qualquer outra pessoa. Só de estar aqui, na sua empresa, isso já é uma baita ajuda.

Daniel a encarou por um momento. No fim, teve que ceder, mesmo a contragosto.

Mas, ainda assim, achava que dez mil era muito pouco. Acabaram entrando em um acordo, quinze mil como salário inicial.

Beatriz foi, então, oficialmente levada para se apresentar. Recusou a proposta de Daniel de acompanhá-la pessoalmente, achava demais.